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Serial killer de Planaltina: especialistas explicam como agem os assassinos em série

Joaquim Damaceno é acusado de ter matado, no mínimo, três pessoas nos últimos sete anos

Brasília|Bruna Pauxis, do R7, em Brasília

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Joaquim Damaceno Silva, conhecido como o "Serial Killer de Planaltina", foi preso por três homicídios cometidos nos últimos sete anos.
  • Os assassinatos foram realizados com crueldade e motivos aparentemente torpes, envolvendo planejamento e manipulação das vítimas.
  • Joaquim possui um histórico de violência, com o primeiro homicídio datando de 2018, atraindo suas vítimas para emboscadas.
  • Especialistas analisam suas ações como características de um serial killer, destacando a ausência de empatia e traços de transtornos de personalidade.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Joaquim confessou os três homicídios, cometidos no DF e Entorno Divulgação/Polícia Civil do DF

Um homem de 47 anos foi preso no fim de outubro sob a acusação de ter cometido três homicídios no Distrito Federal e Entorno.

Apelidado de “serial killer de Planaltina”, Joaquim Damaceno Silva cometeu os assassinatos com crueldade e por razões aparentemente torpes. Ele é investigado como um assassino em série.


Além de serem alvo de investigações e tema de pesquisas e filmes, os assassinos em série costumam alimentar o imaginário popular.

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Os primeiros registros mundiais sobre o que seriam serial killers datam do século XV, com os assassinatos de Gilles de Rais, acusado de matar dezenas de crianças na França e esconder seus corpos.


No Brasil, alguns casos já foram registrados e amplamente divulgados, como os de Pedrinho Matador, que dizia ter assassinado mais de 100 pessoas; de Helinho Justiceiro, que confessou entre 60 e 65 mortes; de Cabo Bruno, que vitimou cerca de 50 pessoas; e de Emasculador do Maranhão, que assassinava e mutilava suas vítimas.

Um assassino em série em Planaltina

A Polícia Civil passou a investigar Joaquim Damaceno após pistas sobre um corpo carbonizado, em abril de 2020, levarem ao suspeito, que, na época, era dono de um bar.


Junto a um comparsa, Joaquim assassinou um de seus clientes, que estava embriagado e tinha deficiência física. O crime teria ocorrido após a vítima ter, supostamente, atrapalhado um jogo de sinuca. O indivíduo levou golpes de faca e teve o corpo levado até o Córrego do Arrozal, onde foi incendiado.

Investigando o passado de Joaquim Damasceno, a polícia constatou o envolvimento dele em outro homicídio, ocorrido em fevereiro de 2018.


A vítima, de 37 anos, também era cliente do bar. Ela foi morta a golpes de facão após supostamente piscar para a esposa de Joaquim. O criminoso atraiu a vítima até uma área de mata, simulando uma carona, e, ao descer do carro com a desculpa de que precisava urinar, executou o homem pelas costas.

O assassinato mais recente de Joaquim ocorreu em 2023, em Planaltina de Goiás. Ele matou seu vizinho, de 30 anos, atacando-o no pescoço com um podão. A vítima tentou fugir, mas morreu enroscada em uma cerca de arame farpado.

O motivo do crime seria que o vizinho costumava andar nu e embriagado em sua casa — o que irritou o serial killer, morador da residência ao lado. Joaquim planejou a ação: ele convidou a vítima a ingerir bebidas na sua casa e a surpreendeu com o ataque.

Questionado pela polícia, o homem confessou os três homicídios.

Conceito de serial killer

Os crimes fizeram Joaquim Damasceno receber o apelido de “serial killer de Planaltina” — o que, segundo o professor de criminologia e consultor jurídico Rafael Seixas Santos, não está incorreto.

“Joaquim pode ser enquadrado, tecnicamente, como um caso de serial killer, dado que houve a prática de homicídios múltiplos, cometidos em série, com intervalos entre os crimes e sem vínculo direto entre as vítimas, o que caracteriza o padrão definido pela doutrina”, explica.

De acordo com Seixas, enquanto o assassino “comum” normalmente age motivado por impulso único ou circunstancial, o serial killer comete homicídios sucessivos, em momentos distintos, geralmente impulsionado por motivações psicológicas ou simbólicas, demonstrando planejamento e padrão de conduta.

“Assassinos em série costumam apresentar modus operandi consistente, uma assinatura comportamental, definida por rituais ou padrões simbólicos”, explica o especialista. Ele ressalta que esses criminosos escolhem suas vítimas para ter uma sensação de poder ou controle durante o ato, evidenciando traços de compulsão e ausência de empatia.

Segundo o professor Rafael Seixas, a investigação de casos de serial killers é complexa.

“É feita a integração entre perícia criminal, psicologia forense e análise comportamental, com uso de perfis criminológicos, georreferenciamento de crimes, cruzamento de dados e padrões de modus operandi, além de cooperação interestadual e atuação de equipes especializadas em homicídios em série”, detalha.

Psicopatia e serial killers

Ao contrário do que diz o senso comum, nem todos os serial killers são psicopatas.

De acordo com a psicóloga Kênia Ramos, especialista em transtornos de personalidade, é comum que esse tipo de criminoso apresente traços ou transtornos relacionados ao funcionamento antissocial da personalidade — no qual a psicopatia está inserida como um subgrupo mais grave —, porém nem sempre possuem o diagnóstico.

“Esses indivíduos frequentemente demonstram ausência de empatia, manipulação, frieza emocional e desprezo pelas normas sociais, características típicas do transtorno de personalidade antissocial ou de traços psicopáticos”, esclarece a psicóloga.

“É importante destacar, porém, que nem todo portador de um transtorno de personalidade se torna um criminoso. Existem influências no desenvolvimento desses comportamentos, como fatores ambientais, históricos de abuso, negligência e experiências precoces traumáticas”, observa.

Segundo Ramos, os transtornos mais frequentemente relacionados à conduta criminosa são o Transtorno de Personalidade Antissocial, o Transtorno de Personalidade Narcisista e o Transtorno de Personalidade Borderline — que, embora não associado diretamente a crimes violentos, pode se manifestar por meio de comportamentos impulsivos e descontrolados em situações de estresse emocional.

Sobre a psicopatia, a especialista ressalta que o diagnóstico não implica, necessariamente, a violência.

“Apesar de muitos psicopatas apresentarem comportamentos manipuladores, frios e calculistas, nem todos são violentos ou cometem crimes. A psicopatia é uma condição que envolve déficit na capacidade empática e emocional, mas isso não determina a conduta criminosa”, salienta a psicóloga. Ela ressalta que há indivíduos com traços psicopáticos que podem se adaptar à vida social.

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