No dia em que os atos de 8 de Janeiro completam dois anos, 21 obras de arte vandalizadas durante a invasão serão reintegradas ao acervo presidencial. As primeiras peças começaram a chegar ao Planalto nesta segunda-feira (6), escoltadas por agentes da Polícia Federal. Entre os destaques, estão o retorno da obra As Mulatas, de Di Cavalcanti, e a volta do relógio Balthazar Martinot, trazido ao Brasil por Dom João VI em 1808, que foi restaurado na Suíça.Feita pelo ícone do movimento modernista da década, a tela de Di Cavalcanti tem mais de 3,5 metros de largura por 1,2 metro de altura, sendo considerada uma das principais obras do Salão Nobre do Planalto. Ela foi perfurada ao menos sete vezes pelos vândalos. Em um dos momentos da cerimônia de hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve “revelar” o quadro restaurado.A escultura de bronze O Flautista, de Bruno Giorgi, com 1,6 metro de altura, que havia sido quebrada em quatro partes, foi totalmente recuperada e também está entre as entregas realizadas.Outra entrega importante foi uma ídria italiana, um tipo de vaso cerâmico branco e azul, do período do Renascimento, que havia sido despedaçada durante a invasão e foi restaurada em um minucioso trabalho que contou com técnicas avançadas de raio-x e análise microscópica de esmalte e pigmentos. A escultura Vênus Apocalíptica Fragmentando-se, de Marta Minujín, uma artista argentina, também foi devolvida, bem como a escultura de madeira Galhos e Sombras, de Frans Krajcberg, artista polonês naturalizado brasileiro.Confira a lista de obras restauradas que serão devolvidas ao acervo da Presidência:No Congresso, ainda não há uma previsão de término dos reparos em obras de arte. Duas peças precisam passar por restauração no Senado e ainda não foram iniciadas: uma delas é o painel vermelho de Athos Bulcão, que conta com figuras geométricas feitas em madeira e faz parte do Salão Nobre. O processo de ajuste precisa ser feito no próprio local e tem um custo estimado em R$ 143 mil.Por meio de nota, a assessoria da Casa informou que a etapa será realizada em parceria com profissionais especializados em restauração da Secretaria de Cultura do Governo do Distrito Federal — o projeto foi aprovado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), mas não há previsão para início.Outro reparo necessário é para a pintura a óleo Ato de Assinatura da Primeira Constituição, do século XIX, feita pelo artista Gustavo Hastoy. A tela foi solta da moldura e precisará passar por um atendimento especializado, com a necessidade de ser tratada separadamente. A estimativa de custo é de ao menos R$ 800 mil.A coalizão Pacto pela Democracia, que reúne mais de 200 organizações da sociedade civil, organizou uma intervenção na capital federal para relembrar os atos ocorridos dois anos atrás. “Com a frase ‘Ainda está aqui’, a iniciativa reivindica a responsabilização dos envolvidos nos ataques ao Estado Democrático de Direito”, afirmou a organização em comunicado oficial.Além disso, será lançada nesta quarta-feira (8) a agenda Democracia Forte, que propõe mais de 30 diretrizes para oito pilares essenciais à integridade do sistema democrático.