Tornado, granizo e ventania: chuvas fazem estragos no DF e devem se intensificar
Até esta segunda (19), o volume pluvial já havia ultrapassado mais da metade da média para todo o mês e deve triplicar em outubro
Brasília|Jéssica Moura, do R7, em Brasília
As chuvas que atingiram o Distrito Federal no último fim de semana trouxeram alívio para a estiagem de 133 dias — a terceira mais prolongada já registrada na região —, mas deixaram um rastro de destruição na capital federal e em seu entorno. Em Samambaia, um tornado da categoria F0, que pode chegar aos 115 km/h, assustou os moradores. Em Ceilândia, houve registro de granizo.
No Guará, a intensidade da chuva e do vento fez com que fossem derrubadas duas paredes de uma casa em construção. Diante do risco de desabamento do restante da edificação, a residência vizinha foi evacuada pela Defesa Civil, que também interditou uma escola nas proximidades.
Instabilidade
O meteorologista Kleber Souza, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), explica que os ventos oriundos da região amazônica canalizaram um corredor de umidade em direção ao Centro-Oeste.
"Fim de semana teve o pacote completo. A gente estava com o tempo quente e seco. O calor, somado a essa alta umidade, favoreceu esses fenômenos", afirmou. Essa condição climática, de pancadas e trovoadas isoladas, deve se estender até esta quinta-feira (22), podendo causar novos estragos. "Chuvas vieram para ficar", completou Souza.
Até esta segunda-feira (19), as estações meteorológicas registraram um acumulado de 20 mm de chuva, o que corresponde a 52% da média para setembro. O tempo deve continuar quente e abafado, com temperatura máxima de cerca de 32ºC.
A partir de sexta-feia (23), com a chegada de uma frente fria vinda do Sul do país, as precipitações devem se intensificar e se tornar mais frequentes. A expectativa para outubro é que o acumulado seja de 3,5 vezes o registrado no mês anterior: 141 mm.
"Vai trazer mais umidade, aumentando a nebulosidade, a temperatura começa a cair, e se formam mais chuvas", explica o especialista.
Tornados
Os tornados são mais recorrentes nas regiões Sul e Sudeste do país. O fenômeno se forma com a combinação de calor e altas taxas de umidade, o que propicia a instabilidade atmosférica. "É uma nuvem de tempestade muito carregada, que, em dado momento, adquire um giro, formando o funil", frisou a meteorologista Nayane Araújo.
O tornado se forma quando essa nuvem de funil toca o solo. O redemoinho passa a ser observável por conta das partículas de poeira e vapor em suspensão. "É uma descarga de energia muito grande, mas, a partir do momento em que ele encontra um obstáculo, vai se dissipando", explica a especialista.
A intensidade dos tornados é medida pela Escala Fujita, em faixas de velocidade que variam de F0 a F5, e abrangem índices de 65 km/h a 530km/h. O registrado nesse domingo (18) foi classificado no espectro mais brando, que vai de 65 km/h a 115 km/h.
No trajeto, um tornado desse tipo pode destelhar casas e derrubar árvores. A meteorologista pondera ainda que, com o aquecimento do planeta, fenômenos extremos são mais frequentes, e os tornados, que antes eram raros, podem ser mais recorrentes.
"Pode ocorrer, principalmente na primavera, que é época de tempestades. Qualquer área de instabilidade mais intensa, as tempestades estão sujeitas [a tornados], e elas aumentaram na área central", disse Nayane.
Em 2014, o DF documentou o primeiro tornado que se formou na região, nas proximidades do aeroporto.
Recomendações
Diante das instabilidades, a Defesa Civil emitiu recomendações para a população em caso de chuvas fortes. Para receber os alertas do órgão sobre as condições climáticas por SMS, basta enviar uma mensagem com o número do CEP para 40199.
• Ficque longe de estruturas metálicas não aterradas
• Não se abrigue sob árvores
• Ao menor sinal de aumento do nível da água, proteja seus pertences de valor
• Se a água invadir sua casa, vá imediatamente a áreas mais altas e peça ajuda pelo telefone 193
• Se houver infiltração, rachaduras, barulho estranho ou movimentação de postes e árvores, abandone imediatamente a casa
• Desligue a energia elétrica
• Feche o registro do gás e da água, portas e janelas da casa
• Solte os animais
• Avise seus vizinhos do perigo
• Fique longe das correntes de água
• Se for pego por uma correnteza, flutue com a barriga para cima e os pés à frente; acene por socorro