União Europeia estuda contribuir para o Fundo Amazônia, diz embaixador
Em entrevista exclusiva à Record TV, Ignacio Ybáñez afirmou que colaboração pode ser ‘no futuro’
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
A União Europeia analisa a oferta de recursos para o Fundo Amazônia. A informação exclusiva foi dada pelo embaixador do bloco no Brasil, Ignacio Ybáñez, ao JR Entrevista desta quinta-feira (27). A parceria entre a UE e o Brasil é “estratégica” na avaliação de Ybáñez. Segundo ele, a contribuição para o Fundo Amazônia estreitaria ainda mais os laços.
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Estamos analisando a possibilidade%2C sim%2C de contribuir. Pode ser uma coisa para o futuro. Temos dois países europeus contribuindo [para o Fundo Amazônia]%2C a Alemanha%2C que é da União Europeia%2C e a Noruega%2C que não faz parte da UE. Podemos trazer outros países%2C que podem contribuir com orçamento próprio%2C não com o orçamento comum%2C da UE. Vamos analisar a questão%2C porque o fundo é importante para ajudar o governo brasileiro a chegar ao desmatamento zero%2C compromisso que o Brasil tem mostrado claramente que quer atingir
Ybáñez demonstrou interesse em fortalecer as relações entre União Europeia e Mercosul. A parceria, nas palavras dele, é “estratégica”. “No caso do Brasil, uma das bases da parceria está na concordância de valores. Somos democracias e defendemos os mesmos valores, de respeito aos direitos humanos e de promoção desses direitos. Ambos os lados têm economia de mercado e acreditam nas empresas como fonte de riqueza. A parceria estratégica é uma ambição comum, que agora desejamos que seja ainda mais reforçada com o acordo UE-Mercosul”, declarou o embaixador à jornalista Natalie Machado.
Ao reforçar o compromisso do bloco europeu com a sustentabilidade, Ybáñez afirmou que as relações com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) devem ser pautadas no tema. “A relação entre UE e Brasil é estratégica. Temos um número muito limitado de parceiros estratégicos, e o Brasil é um deles. A relação vai além dos governos. Temos visto, desde a chegada do presidente Lula, que as prioridades que determinou para seu governo são muito próximas às nossas, como a questão climática. Ele entende a necessidade que esse tema tem, precisa ser prioritário. Isso, com certeza, mostra que nossas relações vão se intensificar durante o governo dele”, apontou o embaixador.
Ybáñez ainda elogiou a matriz energética do Brasil. “A União Europeia tem uma série de obrigações para se preparar para as mudanças climáticas. Se compararmos os âmbitos energéticos, o Brasil tem uma matriz energética que já é muito verde, ao contrário da europeia, que ainda não é tão verde como gostaríamos. Queremos também que os produtos que chegam ao mercado europeu não tenham efeitos sobre o desmatamento”, afirmou.
Brasil e União Europeia
Brasil e UE mantêm relações diplomáticas desde 1960. Em 2007, durante o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o bloco europeu e o Brasil assinaram uma parceria estratégica, que inclui o fortalecimento dos laços diretos.
O acordo abrange cooperação em temas como política externa, direitos humanos, mudança climática, desenvolvimento sustentável, paz, segurança, pesquisa, inovação, comércio e investimento.
Ybáñez é diplomata espanhol e já foi embaixador da Espanha na Rússia. Ocupou, em seu país de origem, a Secretaria do Ministérios dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, a Diretoria-Geral da Política Externa e Assuntos Globais Multilaterais e a Diretoria-Geral da África.
Fundo Amazônia
O Fundo Amazônia foi criado por meio de decreto em agosto de 2008. O texto autoriza o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a realizar a gestão do mecanismo, com a função de captação de recursos, de contratação e de monitoramento dos projetos e ações apoiados.
O objetivo é arrecadar dinheiro para as ações. Entre as áreas, estão:
• controle, monitoramento e fiscalização ambiental;
• manejo florestal sustentável;
• atividades econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável da vegetação;
• regularização fundiária;
• conservação e uso sustentável da biodiversidade; e
• recuperação de áreas desmatadas.
As doações ocorrem quando há redução nas taxas de desmatamento na região. A gestão do fundo, que passa por dois processos de auditoria, também é feita em conjunto com os comitês técnico e orientador, com a presença de integrantes do governo federal, dos estados da Amazônia Legal e da sociedade civil organizada.