Era fim de tarde em São Paulo, plena "hora do rush", mas dentro do pavilhão de exposições do Anhembi o nova-iorquino Justin Pate aguardava sereno seu compromisso do dia. Sem badalação ou tratamento de astro, o instrutor, um dos maiores nomes do envelopamento automotivo mundial, circulava tranquilo pelo estande da Alltack Tuning, empresa que o trouxe para comandar um workshop na feira de Serigrafia, onde aconteceu a 4ª edição do Campeonato Brasileiro de Envelopamento Automotivo (Cambea). Com 16 anos dedicados ao envelopamento e mais de 3.000 carros personalizados, Justin Pate é um cara simples e extremamente técnico. O rapaz criou até um método chamado UGIS (Universal Graphics Installation System), que pode ser utilizado em qualquer veículo e permite a aplicação de adesivo em até 4 horas. R7 Carros encontrou o craque do envelopamento momentos antes de um time de brasileiros iniciar a tentativa — bem-sucedida — de quebra de recorde mundial, cobrindo um Mitsubishi Lancer de branco fosco em 24 minutos (veja a galeria).R7 Carros: Como sua carreira começou?Justin Pate: Comecei em Nova York em 1996, há 18 anos. Trabalhava em uma oficina em Manhattan e fiz vários trabalhos com rappers e artistas do hip-hop, como o Eminem. Eles envelopavam os carros a cada novo álbum! Minha companhia começou há seis anos trabalhando com materiais clássicos, como adesivos foscos, brilhosos, coloridos e tipo carbono, que servem basicamente para alterar a cor do veículo. Atualmente, viajo muito fazendo workshops ao redor do mundo. É minha terceira vez aqui no Brasil.R7 Carros: Que tipo de envelopamento você curte mais?Justin Pate: O estilo depende do cliente. Para mim, o mais interessante hoje em dia é a diversidade. Há uns cinco, seis anos, nós tínhamos basicamente os adesivos foscos e brilhosos (gloss). Agora, temos diferentes tons metálicos, cromados, texturas de todos os tipos... Gosto dessa possibilidade de poder escolher o que eu quiser. Posso ser extremamente criativo. Se o cliente pedir, por exemplo, laranja carbono com preto, posso desenvolver. O que eu mais amo hoje é essa liberdade de customização, que permite criar modelo único.R7 Carros: Essa possibilidade de "fazer um modelo único" encarece o envelopamento?Justin Pate: Na verdade, ganhamos uma multiplicidade de variações/combinações. Mas dependendo do adesivo, obviamente é mais caro. A película que simula fibra de carbono, por exemplo, é mais cara — e as pessoas desejam. No geral, os clientes escolhem materiais mais caros. Nos EUA, as pessoas que envelopam carros costumam gastar entre US$ 15 mil e US$ 20 mil. É bastante dinheiro, por isso os profissionais trabalham até seis dias na semana.R7 Carros: Você vê potencial no mercado do envelopamento?Justin Pate: Acho que envelopamento só vai crescer. Nos Estados Unidos e na Europa, as frotas de táxi já estão sendo "envelopadas" em vez de pintadas. Várias empresas, como DHL e UPS, estão adesivando a frota de veículos em vez de pintá-los. Essas empresas compram modelos de cor branca e mandam adesivá-los, porque é rápido, barato e eles gastam menos dinheiro. E além de personalizar, esses adesivos ainda protegem a carroceria contra arranhões. Há volume e as pessoas estão envelopando tudo. Por isso, acredito que o Brasil seguirá essa tendência.R7 Carros: A indústria do envelopamento no Brasil ainda é pequena?Justin Pate: O Brasil tem um mercado poderoso, talvez as pessoas ainda não saibam que o envelopamento existe, que é possível, rápido, simples e barato. Quando olhamos um carro adesivado, muitos deles parecem pintados, parece pintura de verdade. Por isso, acredito que as pessoas não conheçam o envelopamento ainda. E quando descobrem, é instantâneo: "quero fazer isso". Por isso, acredito que é uma questão de demanda e oferta. Basta termos mais profissionais e empresas que saibam fazer bem o serviço.R7 Carros: O que falta para o envelopamento "bombar" em nosso mercado?Justin Pate: Talvez ainda não exista um número suficiente de profissionais que realizam este serviço, ou talvez as pessoas simplesmente não saibam que o envelopamento existe e é simples, satisfatório e possível. É por isso que eventos como este (Cambea) são importantes, para mostrar às pessoas que elas podem fazer algo novo, que existe algo inovador e inesperado. Eu costumava envelopar carros pelas ruas de Nova York e as pessoas viam o processo. Acredito que é disso que o mercado precisa. Saiba tudo sobre carros! Acesse www.r7.com/carros