No Brasil, 3 em cada 10 cidades utilizam lixões como destino de resíduos, indica IBGE
Estudo mostra que 31,9% dos 5.570 municípios do país relataram a presença de ao menos um lixão
Cidades|Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília
Em 2023, 31,9% dos municípios brasileiros utilizavam lixões como unidade de disposição final de resíduos sólidos, considerada a pior maneira de destinação final do lixo. Os dados são da Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2023 - Suplemento de Saneamento, divulgada nesta quinta-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O levantamento mostra que, em 28,6% das cidades, o destino final dos resíduos eram aterros sanitários. Já os aterros controlados eram utilizados em 18,7%.
Entre as regiões brasileiras, os lixões eram utilizados em 73,8% dos municípios na região Norte, 51,6% no Nordeste, 52,9% no Centro-Oeste, 12,1% no Sudeste e 5,7% no Sul.
Segundo o IBGE, os municípios com população superior a 50.001 habitantes deveriam implementar disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos e dar fim aos lixões até agosto de 2023. Entretanto, 21,5% desses municípios ainda tinham lixões como unidade de disposição final dos resíduos sólidos.
Quando mal manejados, os resíduos podem gerar contaminação de solo e água, emissão de gases de efeito estufa e proliferação de doenças.
“Ao contrário de vazadouros a céu aberto ou em áreas alagadas, os aterros sanitários são estruturas projetadas para isolar os resíduos do meio ambiente, com controle de lixiviados e gases, garantindo uma gestão ambiental mais segura”, diz o IBGE.
Coleta seletiva
O estudo indica que, no ano passado, apenas 3.364 (60,5%) dos municípios do país com algum serviço em manejo de resíduos sólidos tinham coleta seletiva, enquanto 56,7% implementaram instrumentos legais que tratam sobre coleta seletiva, indicando que há uma aproximação entre a legislação e a prática em pouco mais da metade dos municípios brasileiros.
Regionalmente, o Sul liderou em ambas as categorias, com 81,9% dos municípios possuindo coleta seletiva e 74,5% com legislação específica. Em contraste, a região Norte apresentou os menores valores, com 33,5% e 42,2%, respectivamente, destacando a necessidade de expandir a cobertura do serviço, uma vez que os instrumentos legais estão mais presentes do que a implementação do serviço.
No Nordeste, também houve uma diferença entre municípios com instrumentos legais e com a oferta do serviço de coleta seletiva, 38,2% e 33,5%, respectivamente, sugerindo que ainda há um esforço necessário para implementar as políticas públicas de coleta seletiva.