Advogado encena agressão a Tatiane Spitzner e gera indignação
Após repercussão, advogada colega de trabalho grava vídeo e diz que não se sentiu subjugada: "Foi tudo treinado"
Cidades|Do R7
O advogado Cláudio Dalledone Júnior, responsável pela defesa de Luís Felipe Manvailer, condenado na segunda-feira (10) a 31 anos de prisão pela morte de Tatiane Spitzner, simulou a cena de enforcamento da vítima durante o tribunal utilizando com a colega Maria Eduarda. As imagens mostram que a advogada quase caiu enquanto participava da encenação do enforcamento. O vídeo gerou repercussão e revolta.
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Após o julgamento, Dalledone Júnior gravou um vídeo afirmando que Maria Eduarda faz parte da equipe de advogados criminalistas que acompanha e estuda o caso. "Ela participou de uma dinâmica simulada e reproduzida em plenário para que o cidadão jurado tivesse consciência de que seria impossível uma esganadura sem deixar marcas. Treinamos isso e ela não teve nenhuma lesão, não foi subjulgada.
A advogada, que fala somente nos últimos 30 segundos de um vídeo de um minuto e 43 segundos, afirma que não se sentiu subjugada. "Foi tudo treinado, não fui pega de surpresa e não acredito que isso esteja denegrindo minha imagem como mulher. Ao contrário, acredito que isso esteja realçando minha imagem como advogada e tenho convicção de que todas as outras advogadas concordam que para defender nossas causas e convicções estamos dispostas a tudo em plenário", afirmou.
O biólogo Luís Felipe Manvailer foi condenado, na segunda-feira (10), a 31 anos, 9 meses e 18 dias de prisão pela morte de Tatiane, no município de Guarapuava, no Paraná, em julho de 2018. Tatiane foi jogada do quarto andar do prédio onde moravam.
A sentença por homicídio com quatro qualificadoras (meio cruel, motivo fútil, feminicídio e fraude processual) foi deferida pelo juiz Adriano Scussiatto Eyng ,do TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná), que também condenou o réu a pagar R$ 100 mil por danos morais à família da vítima.
Durante o julgamento, Manvailer pediu perdão à família de Tatiane, à própria família e para todas as mulheres do Brasil por ter agredido a esposa. No entanto, ele diz que não matou a advogada.
O julgamento de Manvailer começou na última terça-feira (4), e contou com 65 horas de interrogatórios nos primeiros cinco dias. Ao todo, foram ouvidas 13 testemunhas, entre vizinhos do casal e profissionais que investigaram o caso, além de um informante e dois assistentes técnicos trazidos pela defesa do biólogo.
Na quinta-feira (6), terceiro dia de julgamento, teve a reexibição de imagens do circuito de segurança do dia do crime, e houve comoção entre os parentes da vítima. Durante a sessão, a promotoria exibiu as imagens originais que mostram Manvailer levando o corpo de Tatiane de volta ao apartamento, no elevador.
No dia anterior, quarta-feira (5), segundo dia de julgamento, o promotor de Justiça que era vizinho de porta do casal foi o primeiro a depor para contar sobre o dia do crime. A esposa dele, que conta ter visto Tatiane na sacada, foi ouvida na terça-feira (4).
Feminicídio
O crime ocorreu na madrugada do dia 22 de julho de 2018 e ganhou repercussão nacional e internacional por se tratar de um feminicídio com cenas chocantes. Imagens de câmeras de segurança mostram Manvailer agredindo a advogada Tatiane Spitzner, encontrada morta em casa, em Guarapuava, após cair do quarto andar do prédio onde o casal morava.
De acordo com o inquérito, Manvailer demonstrava sinais de agressividade durante o relacionamento. Após a morte de Tatiane, ele ainda tentou fugir, mas acabou preso após bater o carro em uma rodovia no interior do Paraná.