Brasil percebeu que só boa vontade não resolve questão climática, diz professor sobre ações na COP

A cúpula de líderes que antecede a COP30 continua nesta sexta-feira (7) e, com ela, negociações entre os países envolvidos devem seguir acontecendo. Só no primeiro dia do evento, o Brasil já arrecadou mais de US$ 5 bilhões (aproximadamente R$ 26,8 bilhões) para o TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre, na sigla em inglês), o que foi considerado um sucesso por autoridades brasileiras.

Em entrevista ao Alerta Brasil, Leonardo Trevisan, professor de relações internacionais da ESPM, brinca que Lula “está no pé” dos líderes presentes para colaborarem nas arrecadações para o fundo, que recompensa países que preservarem florestas tropicais.

Trevisan diz que a busca por investidores para o TFFF está dando resultado, transformando os discursos de combate às mudanças climáticas em ações concretas. “Nós mudamos um pouquinho a perspectiva. Nós tínhamos uma perspectiva de que só boa vontade resolve para proteção climática. O ministro Haddad construiu muito desse espírito de, ‘olha, boa vontade só não basta’”, comenta.

“Nós precisamos ter recurso para monetizarmos quem cuida da floresta, fica sendo um bom negócio para quem cuida da floresta. [...] Se nós criarmos um espírito nesse sentido, sem dúvida nenhuma, isso é muito importante”, completa Trevisan.

O docente ainda projeta a possibilidade de autoridades brasileiras utilizarem o evento para alinhar acordos globais, como o tratado Mercosul-União Europeia. “Se nós pudermos usar a COP para fazer essas reuniões bilaterais e avançar, tem outros acordos. Tem acordos com o Sudeste Asiático, tem acordos com países africanos, que nós vamos usar a COP para negociar com eles repasse de tecnologia agrícola. Isso é importantíssimo”, conclui.

COP30 em Belém

A partir da próxima segunda-feira (10), os olhos do mundo estarão em Belém do Pará, para a realização da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima). Com a presença confirmada de 143 delegações no evento e expectativa de 55 mil participantes, a conferência visa buscar novos rumos para o enfrentamento das mudanças no clima do mundo e colocar em prática projetos discutidos nos encontros anteriores.

Com a floresta Amazônica de fundo, o evento traz as lideranças mundiais para um debate sobre transição energética e utilização de combustíveis fósseis, além das metas para evitar que o planeta não ultrapasse o limite de 1,5 °C de aquecimento nos próximos anos. Outro ponto que deve entrar no debate das delegações são as responsabilizações dos entes poluentes e meios de ajuda aos países em desenvolvimento, que mais sofrem com os efeitos das mudanças climáticas.

Apesar de um evento de escala global, a edição deste ano não deve contar com a presença de alguns chefes de Estado, como o americano Donald Trump e seu par argentino, Javier Milei. A ausência dos líderes pode ser vista com preocupação, uma vez que ambos os presidentes vêm tecendo críticas acerca dos papéis de cada país no financiamento de projetos para a mitigação dos avanços das alterações no clima.

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