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Brasil registra quase 62 mil assassinatos em 1 ano

Dado divulgado por Fórum Brasileiro de Segurança é maior de série histórica

Cidades|Gustavo Basso, do R7


Chacina no Itaim Paulista, zona leste de São Paulo
Chacina no Itaim Paulista, zona leste de São Paulo

Ao longo de 2016, 61.619 pessoas foram mortas no Brasil. O número, que corresponde a uma morte violenta a cada 8,5 minutos, consta do 11º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta segunda-feira (30). O total de mortes contabilizadas pela organização equivale a 20 vezes o número de mortos no atentado de 11 de Setembro de 2001, quando houve 2.977 vítimas.

O dado divulgado pelo Fórum relativo às mortes violentas é maior da série histórica, iniciada em 2006. Em 2015, foram 58.870 mortes. A alta de um ano para o outro foi de 3,8%.

Os dados levam em consideração homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte, policiais mortos em situação de confronto e mortes decorrente de intervenção policial.

Sergipe, Rio Grande do Norte e Alagoas são os Estados mais violentos, com, respectivamente, 64; 56,9 e 55,9 homicídios a cada 100.000 pessoas. Entre as capitais, lideram o ranking negativo Aracaju (SE), Belem (PA) e Porto Alegre (RS).


"Há muito tempo nós falamos do aumento da violência no Norte e Nordeste, mas nessa edição do anuário vemos Porto Alegre. Isso evidencia como a violencia se espalha por todo o interior do território nacional", comentou Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Feminicício


Pela primeira vez, o Anuário traz comparações relativas ao número de feminicídios no País. Foram 533 casos do tipo, ante 328 no ano anterior. Considerando o total de mulheres mortas, porém, os dados são bem mais altos: ao todo foram 4.657 vítimas em 2016, ante 4.845 em 2015 (queda de 3,9%).

"Nós sabemos que este número de feminicídios — 533 — está subnotificado. Porque as autoridades ainda não sabem lidar com esse crime. Nós precisamos de protocolos claros para o feminicídio", afirmou Olaya Hanashiro, cientista política que integra o Fórum.


"Este ano vimos o caso de uma mulher que foi conduzida junto com seu agressor, que a matou dentro da viatura. Isso é algo que jamais poderia acontecer, precisamos que policiais saibam atender casos de violência contra a mulher", complementa Samira."Há um desrespeito inclusive na participação de mulheres na polícia. Na maioria dos Estados, há um teto de ingresso de 10% de mulheres na PM."

Mortos pela polícia e policiais mortos

O número de mortos por policiais em serviço ou fora de serviço teve alta de 25%, segundo o Anuário. Foram 4.224 mortes em 2016, ante 3.330 em 2015. "Estamos naturalizando letalidade policial como se policial morrer e ser morto fossem dois lados da mesma moeda. Mas na realidade é um fenômeno complexo que não se explica desse modo. A sociedade legitima a morte e os comandos da polícia estão assimilando isso", afirmou Rafael Alcadipani, também integrante do Fórum.

O número de policiais mortos em serviço e fora de serviço também teve variação considerável: 17,5%; Foram 437 mortes no ano passado, ante 372 em 2016. "Nenhum país do mundo mata tantos policiais. Temos que reconhecer que policais estão sendo caçados. Ano passado foram 437. Neste ano, só até agora já são 470. Isso não acontece nem mesmo na Venezuela, que tem taxas altíssimas de homicídio", afirmou Elisandro Lotin, policial militar integrante do Fórum e presidente da Anaspra (Associação Nacional dos Praças, órgão equivalente a sindicato, que é proibido para militares).

O Brasil é também o país onde os policiais mais fazem vítimas em atividade, em casos conhecidos como "autos de resistência". 4.224 pessoas foram mortas em decorrências de intervenções de policiais civis e militar.

Estupros

A quantidade de casos de estupro registrados pelas autoridades também mostrou crescimento. Ao longo de todo o ano de 2016, foram 49.497 casos de violência sexual. São Paulo reúne o maior número de casos deste tipo de violência, com 10.055 casos. 

Samira afirma que, como os casos de feminicídio, as ocorrências de estupro também são subnotificadas, devido a diferentes fatores. "Um deles é que apenas 8% dos municípios do país conta com uma delegacia especial da mulher", aponta.

Investimento em segurança

O Anuário indicou ainda que houve redução nos gastos com segurança no País. No total, foram R$ 81,2 bilhões investidos em 2017, ante R$ 83,4 bilhões no ano anterior.

Também pesquisador do Fórum, Daniel Cerqueira afirma que, para além de analisar o investimento, é necessário se rever onde se investe.

"Nós estamos investindo cada vez mais em um modelo que não funciona, que é o da polícia reativa", afirmou. "A polícia que mais funciona é a de inteligência, que identifica criminosos antes, e tirar essas pessoas das ruas."

Para Alcadipani, o maior investimento nas polícias militares, "reativas", em detrimento às polícias civis, "preventivas", é algo feito de modo deliberado pelos governantes. "Todo governador quer ter à sua disposição um pequeno exército. Além disso, se você da mais condições, mais estrutura para uma Polícia Civil forte, ela passa a investigar mais, como a Polícia Federal. E isso pode levar até a decobrir casos de corrupção", diz o membro do Fórum.

Roubos a carro

A cada minuto de 2016, um carro foi roubado ou furtado. Foram 1.066.674 veículos tirados de seus donos ao longo do ano. Dentre os crimes contra o patrimônio, é o apontado pelo Fórum como mais recorrente.

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