Uma operação de fiscalização realizada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em parceria com as vigilâncias sanitárias estaduais e municipais interditou oito clínicas de estética por irregularidades graves. A ação, batizada de Estética com Segurança, ocorreu em diversas cidades do Brasil e revelou um cenário alarmante no setor de procedimentos estéticos.Ao todo, 31 estabelecimentos foram inspecionados, dos quais 30 apresentaram algum tipo de irregularidade. Entre os problemas mais frequentes estão a falta de higiene adequada, uso de produtos vencidos e a ausência de protocolos de segurança. Em alguns casos, clínicas realizavam procedimentos invasivos sem alvará sanitário ou sem a presença de um profissional de saúde qualificado.Em clínicas de São Paulo, Osasco e Barueri, os fiscais encontraram medicamentos manipulados em larga escala, o que é proibido. Mais de duas mil ampolas de substâncias injetáveis foram apreendidas, algumas já vencidas há anos, como toxina botulínica expirada desde 2022.Em uma clínica de Osasco, além de produtos irregulares, os fiscais identificaram equipamentos médicos sem calibração e estrutura inadequada para transplantes capilares. Outras unidades utilizavam produtos sem rótulos claros, aumentando os riscos de complicações para os pacientes.No Distrito Federal, as inspeções revelaram situações alarmantes. Medicamentos vencidos e sem registro no Brasil estavam armazenados de forma inadequada, enquanto toxinas botulínicas eram mantidas sem controle de temperatura. Em algumas clínicas, seringas e ampolas usadas eram reaproveitadas como decoração, um grave risco de contaminação e disseminação de doenças.Uma das clínicas funcionava sem alvará sanitário, e em outra, não havia um profissional técnico responsável. Falhas na estrutura também foram detectadas, incluindo a ausência de pias para higiene das mãos em salas de procedimento.Em Goiânia, oito das nove clínicas inspecionadas apresentavam irregularidades. Foram encontrados cosméticos e medicamentos vencidos, além de manipulações indevidas para burlar a fiscalização. Em uma das unidades, fiscais descobriram registros de pacientes que sofreram infecções após procedimentos, sendo um deles causado por micobactéria. Nenhum desses casos havia sido notificado às autoridades de saúde, o que contraria as normas sanitárias.Em Belo Horizonte, os fiscais encontraram instrumentos de microagulhamento sendo reutilizados, uma prática que aumenta o risco de transmissão de infecções. Materiais de preenchimento facial, como ácido hialurônico, estavam sendo reaproveitados, desrespeitando normas básicas de biossegurança.Em uma das clínicas, a área de esterilização também funcionava como depósito, armazenando produtos limpos e contaminados no mesmo espaço. Além disso, fiscais identificaram equipamentos sem autorização da Anvisa, como fios de polidioxanona (PDO) vencidos, utilizados em procedimentos de lifting facial.Diante do alto número de irregularidades, todas as clínicas investigadas responderão a processos administrativos sanitários. As unidades interditadas precisarão se adequar às normas antes de retomar as atividades. A Anvisa reforçou que o crescimento do setor de estética requer maior fiscalização e alerta consumidores sobre os riscos de procedimentos realizados sem condições adequadas.