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Como evitar que o GPS coloque sua vida em risco? Veja recomendações de especialistas

Só neste ano, houve 4 casos em que motoristas foram levados a zonas dominadas pelo crime

Cidades|Do R7

Francisco e Regina Múrmura entraram por engano em uma favela
Francisco e Regina Múrmura entraram por engano em uma favela

O GPS costuma ajudar os motoristas. Mas casos recentes mostram que há riscos. No sábado (3), ocorreu um caso trágico: a empresária Regina Múrmura, de 69 anos, morreu após ser baleada por criminosos ao entrar no Morro do Caramujo de carro, com o marido, Francisco Múrmura, de 69 anos.

Os dois seguiam para uma pizzaria em Charitas, Niterói, e, orientados pelo aplicativo Waze, entraram por engano na favela.

Não foi o primeiro caso do tipo. Em agosto, a atriz e humorista Fabiana Karla teve o carro alvejado na mesma região, quando seguia com a família para Pendotiba. Ninguém ficou ferido. Em maio, o alpinista Ulisses da Costa Cancela, de 36 anos, foi morto ao entrar por engano na favela Vai Quem Quer, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Em março, os atores Sérgio Menezes e Tadeu Aguiar tiveram o carro roubado ao entrarem por engano, também guiados pelo GPS, na favela do Chapadão, em Nova Iguaçu.

É possível evitar casos como esse? Como se prevenir?


O R7 ouviu especialistas a respeito.

Júlio Ribeiro, gerente de conteúdo geográfico da Imagem, representante da TomTom no Brasil, falou sobre como lidar com o aparelho de GPS. Procurado para indicar outro especialista, o Waze não se manifestou.


O coronel Paulo Amêndola, fundador do Bope (Batalhão de Operações Especiais) do Rio, deu orientação sobre como proceder em caso de acabar em uma área de risco e ser abordado por criminosos.

Use GPS com mapa atualizado


É recomendável utilizar somente GPSs com base de dados atualizadas. Ribeiro alerta que mudança de mão de vias, fechamento de acessos ou construção de viadutos, por exemplo, podem jogar o motorista em um lugar indesejado.

— Por isso, na hora de escolher um determinado produto, é importante verificar se a empresa responsável costuma atualizar os mapas com frequência.

Em caso de aplicativos colaborativos, deve-se levar em conta que a atualização depende dos usuários.

Tenha cuidado com ruas homônimas

Em grandes centros urbanos, é possível haver dois endereços com o mesmo nome. Ribeiro recomenda que o usuário do GPS procure saber o bairro ou região da cidade onde quer chegar.

— Assim, é possível evitar alguns erros de rota por causa de ruas homônimas. Vale também checar o tempo de viagem. Ao ver que há algo muito discrepante, como três horas para chegar a um local que parece próximo, o motorista deve desconfiar.

Ribeiro também sugere que o motorista insira o endereço antes de iniciar a viagem. Com o carro em movimento, a atenção para realizar a checagem sobre o destino diminui.

Use a opção ‘caminho mais fácil’ para locais desconhecidos

A maior parte dos GPSs oferece três opções ao motorista: o ‘mais curto’, o ‘mais rápido’ e o ‘mais fácil’. A nomenclatura muda conforme o sistema, mas, em geral, as opções seguem esse padrão. Ribeiro diz que o mais rápido pode ser usado para regiões conhecidas. Mas, no caso de locais que o motorista não costuma frequentar, o caminho ‘mais fácil’ é mais recomendável.

— A opção da rota ‘mais curta’ é um cálculo geométrico. O ‘mais rápido’ leva em consideração o trânsito. O ‘mais fácil’ privilegia as vias principais. Como essas vias são locais mais frequentados, por onde muita gente costuma transitar, a chance de haver perigo é menor.

Em locais estranhos, procure comércio ou órgãos públicos

Ao desconfiar que o GPS o levou a um local pelo qual não pretende passar, o motorista deve ter calma, parar e procurar orientação. Órgãos públicos são pontos considerados mais seguros para isso. Se não for possível, o comércio é sempre uma boa opção.

O coronel Amêndola afirma que, nas favelas do Rio, onde ocorreram o caso do casal e outros recentes, os comerciantes sabem as regiões que são perigosas.

— Eles podem orientar: ‘Olha, não vá naquela direção.’ Isso é comum e pode ajudar o motorista a buscar a melhor saída.

Ao ser abordado, acenda a luz interna, abaixe os faróis e deixe as mãos visíveis

Em caso de abordagem por criminosos, não há procedimento 100% seguro, afirma Amêndola. Mas determinadas medidas, como abaixar os faróis, acender a luz interna e deixar as mãos à vista, podem reduzir os riscos.

— É uma forma de mostrar que você não vai atacar os criminosos, o que pode antecipar um ataque. Agora, no caso [da favela] do Caramujo, medidas como essa não adiantariam, pois o líder do crime no local é um sujeito sanguinário que mandou abrir fogo a todo carro desconhecido. 

Para recomendações mais específicas sobre o Rio de Janeiro, leia o que dizem o coronel Amêndola e ex-chefe do Estado-Maior da PMERJ (Polícia Militar do Estado do Rio) Jorge da Silva.

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