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Destruição do cerrado empurra mosquito da dengue para cidades

Pesquisa mostra que, se ritmo do desmatamento continuar, em 2030 todo o cerrado terá aumento considerável de casos da doença

Cidades|Do R7

Destruição do cerrado empurra mosquito da dengue para cidades, alerta pesquisa
Destruição do cerrado empurra mosquito da dengue para cidades, alerta pesquisa

Um estudo de cientistas da Unesp (Universidade Estadual Paulista), publicado na revista científica PLOS, demonstra que o avanço da destruição do cerrado está diretamente ligado ao aumento do número de casos de dengue na região. O trabalho mostra que, se o ritmo do desmatamento continuar semelhante ao atual, em 2030 toda a área do cerrado terá um aumento considerável das ocorrências da doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, de origem africana.

"O aumento dos casos de dengue está relacionado à redução da cobertura vegetal do cerrado", afirma o engenheiro florestal Arlindo Ananias Pereira da Silva, da Unesp, o principal autor do estudo. "Se não houver política pública específica e regionalizada, algumas regiões vão ter um impacto muito grande."

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O estado de maior preocupação é Minas Gerais. Dos atuais 2.200 casos por 100 mil habitantes, os registros da doença pulariam para 4.000 por 100 mil habitantes. Para impedir que a projeção se concretize, alertam os cientistas, o país terá que controlar o desmatamento e adotar novas políticas ambientais e de saúde pública.

Em 2020, houve em todo o mundo 2,7 milhões de casos de dengue. Desse total, 36,5% foram no Brasil. Mais da metade deles foi registrada no cerrado. De 2008 a 2019, a dengue matou 6.400 pessoas em território brasileiro.


Desmate e monocultura

O avanço do Aedes aegypti em áreas tropicais é relacionado à urbanização, sobretudo em cidades sem infraestrutura de saneamento básico. A perda do habitat e a redução de predadores naturais "empurram" o inseto para áreas urbanizadas, espalhando a dengue.

"Quando o mosquito está inserido em ambiente florestal, há meios de controle, com os predadores e também por conta da cobertura vegetal, o microclima", explica o pesquisador. "Com o desmatamento e a monocultura, você aumenta as temperaturas, amplia a oferta de alimento e reduz os predadores naturais; isso é tudo o que o mosquito quer para se reproduzir."


O cerrado ocupava originalmente pouco mais de 20% do território brasileiro. Mas, desde o início dos anos 70, sofre grande pressão do agronegócio, intensificada nos anos posteriores. Desde 2005, segundo o trabalho, a taxa de desmatamento vinha diminuindo. Mas em 2020 houve um aumento de 13,2% em comparação ao ano anterior. Atualmente, o bioma concentra a maior parte da produção agropecuária do país.

Depois da mata atlântica, o cerrado é o bioma que mais sofreu alterações por causa da ocupação humana. É considerado um dos 25 ecossistemas do planeta em alto risco de extinção. Atualmente, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, restam aproximadamente 34% da área original do cerrado. Cientistas mais pessimistas temem que, até 2030, o ecossistema possa estar totalmente destruído.

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