Em 2023, uma criança ou adolescente foi vítima de estupro no Brasil a cada oito minutos
Nos últimos três anos, foram registrados 164.199 casos de violência sexual contra crianças ou adolescentes no país
Cidades|Beatriz Oliveira*, do R7, em Brasília
O Brasil registrou 63.430 casos de violência sexual infantil em 2023, o que equivale a uma vítima de estupro a cada oito minutos. Na comparação com o ano anterior, que contabilizou 53.906 vítimas, a estatística subiu 13,8%. Os dados são de um relatório lançado pelo UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública nesta terça-feira (13).
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Nos últimos três anos, foram registrados 164.199 casos de violência sexual contra crianças ou adolescentes no país entre 0 e 19 anos. Em 2023, os maiores alvos de estupro foram crianças entre 10 e 14 anos, com 30.695 vítimas, uma alta de 11,4% em relação a 2022, quando foram 26.609.
Na comparação com 2022, o número de vítimas de estupro em 2023 cresceu em todas as faixas etárias analisadas pelo estudo. No grupo de 0 a 4 anos, a estatística passou de 6.890 para 8.273 (mais 23,5%). Na faixa etária de 5 a 9 anos, o número subiu de 11.750 para 14.207 (mais 17,3%). De 15 a 19 anos, a quantidade de vítimas saltou de 8.657 para 9.805 (mais 8,4%).
As vítimas mais vulneráveis são do sexo feminino, que representam 87,3% dos casos nos últimos três anos.
Mortes violentas de crianças e adolescentes
Outro dado apresentado pelo relatório foi o de que 15.101 crianças e adolescentes de 0 a 19 anos morreram de forma violenta entre 2021 e 2023.
Segundo o estudo, 96% das crianças e adolescentes que sofreram mortes violentas tinham entre 15 e 19 anos, com 14.581 registros nesse período.
Além disso, em 2023, assassinatos e homicídios de crianças até 9 anos cresceram 15,2% em relação a 2022, passando de 171 para 197. A publicação diz que isso mostra uma vulnerabilidade maior em crianças mais novas.
Segundo o relatório, de 2021 a 2023, 62,3% dos adolescentes entre 15 e 19 anos foram mortos em contexto de violência armada fora de casa. Com crianças de até 9 anos, 50% dos casos ocorreram dentro de casa a partir de violência doméstica.
Perfil das vítimas
A dinâmica racial no Brasil desempenhou grande impacto no número de assassinatos violentos de crianças e adolescentes, constatou a publicação. De 2021 a 2023, a maior parte das vítimas de mortes violentas no Brasil era negra (82,9%) e do sexo masculino (90%).
Os dados de 2023 indicaram, ainda, que a cada 100 mil habitantes de até 19 anos, do sexo masculino e negros, 18,2 foram mortos. Essa estatística é menor entre o mesmo perfil em pessoas brancas, registrando cerca de 4,1 mortes a cada 100 mil habitantes.
De acordo com o estudo, o risco relativo de um adolescente negro, do sexo masculino, ser assassinado no Brasil é 4,4 vezes superior à de um adolescente branco do sexo masculino.
*Sob supervisão de Alexandre de Paula