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Engenheiros afirmam que falta de reparos contribuiu para extensão dos danos no RS

Documento mostra que melhorias já poderiam ter sido feitas em setembro do ano passado nas estruturas de Porto Alegre

Cidades|Rafaela Soares, do R7, em Brasília

42 engenheiros assinam o documento Mauricio Tonetto / Secom

Um documento divulgado pelo Senge-RS (Sindicato dos Engenheiros do Rio Grande do Sul) aponta que a falta de manutenção e atualização das casas de bombas e comportas de Porto Alegre contribuíram para a extensão das enchentes que afetam o Rio Grande do Sul desde o começo do mês. O texto, assinado por 42 engenheiros, afirma que reparos poderiam ter sido feitos em setembro do ano passado, quando a região do Vale do Taquari foi atingida por fortes chuvas. O R7 procurou a Prefeitura de Porto Alegre para comentar o documento e aguarda resposta.

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O ex-diretor do DMAE (Departamento Municipal de Água e Esgotos de Porto Alegre) e Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento), Vicente Rauber, que também assina o documento, diz que os reparos deveriam ter sido feitos na época em que foram detectados. “Os vazamentos estão em boa parte das comportas sem manutenção. No ano passado, quando o sistema foi acionado, durante as inundações com início no Vale do Taquari e que também inundaram a Região Metropolitana, as deficiências ficaram visíveis. Fáceis de serem sanadas, mas não foram”, ressalta parte do documento.

Rauber explica que o Sistema de Proteção contra Inundações foi construído por engenheiros alemães e é projeto de fácil operação. “Como tudo na vida, ele precisa de manutenção. Não tem um item que fala de manutenção ou investimento em comportas ou casas de bombas. Em setembro e novembro, a natureza fez um diagnóstico, porque tiveram que ser operadas comportas e casas de bombas”, completou.

O documento do sindicato dos engenheiros aponta uma particularidade da área urbana de Porto Alegre que deveria aumentar a preocupação das autoridades com o risco de enchentes: 40% da área urbana de Porto Alegre fica no mesmo nível das águas do Rio Guaíba. “Quando as águas baixarem, a economia vai andar pela reconstrução do Rio Grande. E qual o primeiro passo? O que nos últimos anos não se tem feito adequadamente, que é voltar a investir em saneamento. Ou seja, fechar os furos das comportas, fazer os concertos imediatos nas casas de bombas”, disse Rauber.


Não precisaríamos ter nem 10% da inundação que nós tivemos.

(Vicente Rauber, engenheiro)

Outro profissional que assina o texto, o engenheiro Augusto Damiani, hidrólogo e mestre em recursos hídricos e saneamento ambiental e ex-diretor geral do DEP (Departamento de Esgotos Pluviais) e DMAE, chama a atenção para os diques das cidades gaúchas, que funcionam como reservatórios de água, e para a necessidade da realização de eventos-teste para avaliar a eficácia do sistema em caso de enchentes.

Como funciona o sistema?

Segundo o sindicato, o Sistema de Proteção contra Inundações tem cerca de 60 quilômetros de diques. Ao longo dessa extensão, existem 23 casas de bombas, que também têm comportas. Essa estrutura, quando fechada, impede inundações na cidade.


As águas da cidade são retiradas pelos equipamentos das casas de bombas, diques e por um sistema que leva as águas para o Guaíba. “Ou seja, os dois sistemas – de Proteção contra Inundações e de Drenagem - necessitam funcionar integradamente”, defende o manifesto.

Medidas emergenciais

Nas medidas urgentes, os engenheiros afirmam que a prioridade é o fechamento de vazamentos nas comportas, a reconstrução dos dutos, e a restauração das casas de bombas. Caso isso não seja possível, a recomendação é o uso de bombas volantes para drenar o centro histórico e bairros inundados

Quando as águas baixarem, a modernização de todas as estruturas de prevenção e drenagem devem ser atualizadas, com eventuais trocas de peças ou modelos. Outro ponto é o estudo de uma ampliação das estruturas contra inundações, em especial na região metropolitana de Porto Alegre.

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