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Entregadores farão greve nacional contra 'terrorismo dos apps' hoje

Por melhor remuneração em alta inflação e fim de bloqueios, trabalhadores bloquearão shoppings e mais estabelecimentos

Cidades|Guilherme Padin, do R7

Desde julho de 2020, categoria tem se manifestado pelas capitais brasileiras
Desde julho de 2020, categoria tem se manifestado pelas capitais brasileiras

Entregadores de aplicativo de todo o país farão uma paralisação de suas atividades neste sábado (11), demandando o aumento da remuneração pelas corridas, o fim dos bloqueios de contas e contra um sistema recente de agendamento de horários para o trabalho.

Começando às 10h, o ato contra o que chamam de “terrorismo dos apps” ocorrerá em várias capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, Natal, Fortaleza, Goiânia, Salvador, Curitiba, Recife, João Pessoa, Boa Vista e Porto Alegre, e outros municípios de regiões metropolitanas e interior. O término dos atos está previsto para o fim da noite, entre 22h e 23h.

A estratégia dos motoboys e bikers desta vez será bloquear as entradas de estabelecimentos com maior volume de pedidos: shoppings, restaurantes e redes de fast food, entre outros.

“Além de corrermos muitos riscos, estamos recebendo muito mal e somos desrespeitados todos os dias pelos aplicativos. A gasolina cada vez mais cara e o custo de vida também. Enquanto isso, as taxas tão lá embaixo. Chega de pagar para trabalhar!”, diz o texto de um comunicado chamando à manifestação.


Os organizadores relataram que o protesto não é financiado ou sequer conta com participação de sindicatos ou outros grupos, mas articulado por eles próprios ao longo de três meses, em comunicação constante de profissionais de diversos estados e custeado a partir de vaquinhas dos ‘motocas’.

“São os motoboys unidos e revoltados contra a plataforma. Estivemos em vários estados alinhando tudo. Nós mesmos estamos organizando, sem ajuda política nem nada. Fazemos vaquinha online e vamos nos ajudando”, afirmou Nascimento, um dos organizadores, ao R7.


Demandas

O aumento do valor oferecido pelas corridas é motivo de protestos na categoria desde julho do ano passado, quando dois grandes atos nacionais aconteceram. A taxa mínima pedida pelos manifestantes é de R$ 10 até 5 km, e mais R$ 2 por quilômetro adicional.

Segundo os profissionais, a partir do início da pandemia de covid-19, com o aumento do desemprego e a consequente procura de outras pessoas pelo trabalho como entregador de aplicativo, a quantidade de trabalhadores sobre duas rodas subiu e o valor recebido pelas entregas baixou mesmo durante um período de alta inflação.


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Outra demanda recorrente é o fim dos bloqueios sem direito à defesa. Neste caso, eles alegam que os aplicativos bloqueiam as contas dos motoboys e bikers sem motivo aparente, impedindo-os de trabalhar.

Um caso frequentemente relatado são os golpes de usuários, quando um cliente recebe o pedido e afirma no aplicativo que não foi entregue. Segundo os entregadores, isso acarreta automaticamente no bloqueio de sua conta. As plataformas negam esse tipo de ação.

Os trabalhadores sugerem que o código de recebimento de pedido, medida anunciada recentemente por algumas plataformas, passe a ser aplicado em todas as entregas, o que evitaria os golpes.

Um sistema de agendamento de trabalho, recentemente criado pela iFood, ao qual os entregadores se opõem frontalmente e se referem como ‘laboratório’, também está na pauta do ato deste sábado. Os motoboys afirmam que, dentro desse método, só conseguem trabalhar aqueles que conseguirem agendar sua jornada com antecedência.

Posicionamentos

A reportagem procurou a Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia) e três empresas de aplicativo.

Em resposta, a Amobitec afirmou que não houve redução das taxas durante a atual crise pela qual passa o país, e citou medidas para ajudar os trabalhadores, como convênios em postos de combustível e parcerias com empresas para manutenção e peças das motocicletas, e ações como distribuição de kits de higiene e auxílio financeiro a entregadores que contraíram covid-19 – o que motoboys relataram não ter obtido em reportagem anterior.

A respeito dos bloqueios das contas nas plataformas, a associação ressalta que eles são feitos “apenas quando são identificadas reiteradas violações dos Termos de Uso dos aplicativos”, e destaca, ainda, que as empresas não têm interesse em ter os entregadores bloqueados.

A Rappi, por sua vez, assegurou que dialoga com seus entregadores e, a respeito das taxas de entrega, que o frete é calculado levando em conta diversas variáveis, como dia da semana, zona de entrega, distância percorrida e complexidade do pedido. Porém, não respondeu se avalia um aumento para os trabalhadores.

Acerca dos bloqueios, a empresa alega que possui um canal para que os profissionais contestem possíveis falhas. As descrições do caso, prints de chats e outras informações, prossegue a nota, devem ser enviados à Central de Ajuda, “que revisará a situação, revertendo eventuais bloqueios indevidos”.

A Uber Eats não atendeu aos questionamentos. A iFood afirmou que a Amobitec responderia pelas demandas. 

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