Falha em sistema eletrônico impede embarque de brasileiros para o México
Desde dezembro, país passou a exigir autorização para evitar que viajantes entrem no território mexicano para chegar aos EUA
Cidades|André Carvalho, da Agência Record
Centenas de brasileiros com passagem comprada para o México foram impedidos de embarcar para o país por falta de uma autorização eletrônica. Os passageiros alegam que o sistema que emite a permissão está fora do ar desde a última terça-feira (31).
Em dezembro do ano passado, o México passou a exigir visto ou autorização eletrônica para brasileiros entrarem no país. O objetivo é restringir o número de imigrantes que entram em território mexicano com a intenção de cruzar a fronteira com os Estados Unidos. A autorização eletrônica é gratuita e é a forma mais utilizada pelos brasileiros.
O problema é que, desde a última terça, o sistema apresentou problemas. O próprio consulado mexicano em São Paulo publicou, na quarta-feira (1º), um aviso em que alerta sobre a situação em suas redes sociais. O comunicado informava que "o sistema de autorizações eletrônicas do Instituto Nacional de Migração continua com problemas. Até o momento não há estimativa de quando ele retornará à normalidade".
Mas os avisos não foram suficientes. Muitos brasileiros foram impedidos de embarcar pois não estavam com o documento. Foi o caso da engenheira Gislene Milare, de 54 anos, que é moradora de Limeira, no interior de São Paulo.
Milare comprou um pacote no valor de R$ 15 mil com o objetivo de viajar com o marido para Cancún, na época da pandemia, e precisou remarcar a passagem algumas vezes. O embarque dela estava marcado para as 5h de quinta-feira (2) em Guarulhos.
A engenheira e o marido, porém, foram impedidos de entrar na aeronave porque não tinham as autorizações eletrônicas. "Ainda no aeroporto eu e meu marido tentamos emitir as autorizações, mas o sistema estava fora do ar", disse.
Pela mesma situação passou a empresária e influenciadora mineira Júlia Sampaio, de 24 anos. Ela comprou um pacote, no valor de R$ 5.000, também para Cancún. O objetivo era viajar com o namorado para o local. O casal embarcaria no Aeroporto Internacional de Confins por volta de 1h de sexta-feira (3), mas também foi impedido de entrar na aeronave por falta da autorização eletrônica.
"Quando comprei a passagem, perguntei se era preciso visto para o México e me informaram que não. Hoje, quando negaram o meu embarque, eu tentei fazer a autorização eletrônica, mas o sistema do consulado não estava emitindo", disse a empresária.
Após centenas de brasileiros perderem a viagem, muitos foram até o Consulado do México em São Paulo para relatar o problema. O grupo foi recebido pelo cônsul adscrito do México em São Paulo, José Alberto Limas Gutiérrez, que confirmou que o sistema de autorizações estava com problema. Segundo o cônsul, o sistema não é controlado pelo consulado nem pela embaixada ou pelo Ministério das Relações Exteriores, mas pelo Instituto Nacional de Migração do México.
O cônsul ainda informou que o consulado faria um esforço para emitir as autorizações, no local, a partir de segunda-feira (6).
Os brasileiros chegaram a criar um grupo, em um aplicativo de mensagens, com o objetivo de trocar informações a respeito da situação e também de buscar uma solução.
Após relatarem o problema no consulado no início da tarde desta sexta-feira (3), o sistema de autorizações voltou a emitir o documento, mas ainda com muita instabilidade. A advogada Adriana Andrea dos Santos, de 51 anos, foi uma das passageiras que conseguiram a autorização.
Ela investiu cerca de R$ 30 mil, entre passagens e hospedagem, para a viagem de lua de mel com o marido em Cancún. Temendo perder o voo, que está marcado para o próximo domingo (5), ela também se dirigiu até o consulado mexicano para cobrar respostas.
Até as 14h, cerca de cem brasileiros cadastrados no grupo de um aplicativo de mensagens ainda estavam sem a autorização eletrônica em mãos.
Assista à declaração do cônsul adscrito do México em São Paulo: