Família se despede de João Alberto e pede justiça
Homem foi espancado até a morte por dois seguranças de um supermercado. Corpo foi sepultado neste sábado (21)
Cidades|Do R7, com informações da Record TV
O corpo de João Alberto, morto por dois seguranças em um Carrefour em Porto Alegre (RS) na quinta-feira (19), foi sepultado neste sábado (21), no cemitério municipal São João, localizado próximo ao supermercado onde o crime aconteceu. Os familiares presentes se despediram e pediram por justiça pela morte de João.
O crime aconteceu na véspera do Dia da Consciência Negra, nesta sexta-feira, dia 20 de novembro. Os dois agressores tiveram a prisão preventiva decretada. Um deles é um policial militar temporário.
Leia também
SP: Avenida Paulista amanhece pintada com frase 'Vidas Pretas Importam'
Bolsonaro diz que é um presidente ‘daltônico’: ‘Todos têm a mesma cor’
Supermercado é invadido e depredado em São Paulo
Laudo inicial indica que homem negro foi morto por asfixia no RS
Famosos protestam contra morte de negro em supermercado
De acordo com o delegado Leandro Bodoia, plantonista da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa, teria havido um desentendimento entre a vítima e funcionários da loja.
RS promete apuração rigorosa de morte de negro em mercado
Testemunhas disseram que João Alberto fez "gestos agressivos" dentro do supermercado enquanto passava as compras pelo caixa. "Não foi nada muito grave", diz o delegado. Neste momento, os seguranças foram chamados e o conduziram para fora da loja. A companheira da vítima seguiu dentro do estabelecimento finalizando a compra.
João Alberto morava a cerca de 600 metros do supermercado, que frequentava com frequência. Ele tinha 4 filhos de outros relacionamentos e estava há 9 meses com Milena, que testemunhou a agressão que terminou em morte.
O laudo inicial divulgado pela perícia de Porto Alegre aponta que João Alberto foi morto por asfixia.
Protestos
Em resposta a morte de João Alberto, grupos se manifestaram na sexta-feira (20). Em São Paulo, manifestantes que iniciaram protesto na avenida Paulista, na região central da cidade, invadiram e depredaram uma unidade do supermercado Carrefour na rua Pamplona.
Houve protestos em diversos locais do Brasil, como São Paulo, Porto Alegre, Brasília e Rio de Janeiro.
" gallery_id="5fb83454c012ad055a00131b" url_iframe_gallery="noticias.r7.com/cidades/familia-se-despede-de-joao-alberto-e-pede-justica-21112020"]
Posicionamento do supermercado
O Carrefour Brasil afirmou que toda a renda das lojas do supermercado no país será revertida para projetos de combate ao racismo. Segundo a empresa, os recursos serão direcionados de acordo com a orientação de "entidades reconhecidas na área."
"Essa quantia, obviamente, não reduz a perda irreparável de uma vida, mas é um esforço para ajudar a evitar que isso se repita", afirma a empresa por meio de nota. Além disso, de acordo com o Grupo, todas as unidades abririam duas horas mais tarde neste sábado (21).
Segundo a varejista, o período será utilizado para "reforçar o cumprimento das normas de atuação" exigidas dos funcionários próprios e também das empresas terceirizadas que prestam serviços à companhia.
A companhia rompeu o contrato com a empresa terceirizada que contratava os seguranças envolvidos no crime. O nome da prestadora de serviços não foi divulgado.
O CEO global do Carrefour, o francês Alexandre Bompard, afirmou na tarde desta sexta, que a empresa "não compactua com racismo e violência" e que pediu ao Grupo Carrefour Brasil que "seja realizada uma revisão completa das ações de treinamento dos colaboradores e de terceiros no que diz respeito à segurança, respeito à diversidade e dos valores de respeito e repúdio à intolerância".