Focos de incêndio no Cerrado em setembro de 2024 mais que triplicam em comparação a 2023
Entre 1º e 17 de setembro, foram registrados 22.017 focos na região; governo articula medidas emergenciais para crise das queimadas
Cidades|Hellen Leite, do R7, em Brasília
O número de focos de incêndio no Cerrado em setembro de 2024 mais que triplicaram em comparação com 2023. Segundo os dados do sistema BDQueimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), entre 1º e 17 de setembro, foram registrados 22.017 focos, contra 7.707 no mesmo período do ano anterior (+185%). Em meio à crise de queimadas que se espalha pelo país, o governo articula uma ação emergencial, envolvendo a discussão de estratégias de combate aos incêndios e a liberação de crédito extraordinário para intensificar os esforços de controle.
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O último ano com maior registro de focos em setembro havia sido em 2020, quando foram registrados 16.109 nos primeiros 17 dias do mês. O estado da região com o maior número de queimadas é Mato Grosso, com 7.163 focos (32% do total). Em segundo lugar está Tocantins, com 4.701 focos (21%), seguido por Goiás, com 2.518 focos (11%).
O Distrito Federal registrou 122 focos de incêndio em setembro de 2024. A capital federal também enfrenta os efeitos de um incêndio no Parque Nacional de Brasília, que deixou a cidade encoberta por fumaça e fuligem. O fogo, que começou no domingo (15), é suspeito de ter origem criminosa, e a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar o caso.
Segundo o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), as queimadas destruíram pelo menos 2 mil hectares do parque, uma área de preservação de Cerrado nativo e rica em nascentes.
Amazônia concentra metade das queimadas no país
A Amazônia registrou, em média, 1900 focos de incêndio por dia em setembro. Segundo os dados do sistema BDQueimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a região reuniu metade de todas as queimadas do país no período, totalizando 30.278 focos. O número é 81% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados 16.613 incêndios.
Governo articula ação emergencial
Diante da crise de incêndios florestais, o presidente Lula convocou uma reunião no Palácio do Planalto com a presença dos chefes dos Três Poderes e integrantes do governo para discutir estratégias para enfrentar as queimadas.
Devido à situação de emergência, interlocutores dos presidentes de Pacheco e Lira, sugerem que possa haver convocação extraordinária para que deputados e senadores votem medidas emergenciais, dependendo das decisões tomadas na reunião no Palácio do Planalto.
Nesta semana, as sessões no Congresso são semipresenciais devido ao período eleitoral, quando a maioria dos parlamentares retorna às suas bases para participar das campanhas.
O governo federal prepara uma MP (Medida Provisória) para liberar cerca de R$ 500 milhões em crédito extraordinário. Além disso, estão previstos R$ 550 milhões para financiar ações emergenciais de combate aos incêndios na Amazônia, Cerrado e Pantanal. A MP está em análise pela Casa Civil deve ser publicada entre terça (17) quarta-feira (18) no Diário Oficial da União.
No domingo (15), o ministro do STF Flávio Dino já havia autorizado a liberação de créditos extraordinários para o combate aos incêndios.
A autorização permite que o governo federal envie a MP ao Congresso com o valor a ser destinado ao combate dos incêndios, em um formato semelhante à medida que liberou R$ 12,2 bilhões para apoiar municípios do Rio Grande do Sul afetados pelas fortes chuvas no início do ano.