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Anvisa aprova medicamento para tratamento para obesidade

Especialista comenta como o fármaco funciona no corpo e ressalta os cuidados necessários para controle da obesidade

Folha Vitória|

Foto: Divulgação/DINO

A matéria enviada anteriormente continha alguns erros de informação, segue a versão corrigida:

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o primeiro medicamento injetável de uso semanal para sobrepeso e obesidade. A decisão foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) no dia 2 de janeiro de 2023. O fármaco semaglutida, de 2,4 mg, é um composto que ajuda na redução da glicemia, e tem como finalidade proporcionar a perda de peso. O novo medicamento chama-se Wegovy® e é fabricado pela farmacêutica Novo Nordisk. 

O medicamento é indicado como coadjuvante à redução de calorias e aumento da atividade física em adultos com Índice de Massa Corporal (IMC) inicial maior ou igual a 30 kg/m2 (obesidade) ou maior ou igual a 27 kg/m2 (excesso de peso) na presença de pelo menos uma comorbidade relacionada com o peso.

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Cabe ressaltar que outro fármaco à base de semaglutida, mas com dosagem de 1 mg, o Ozempic® tem indicação restrita para tratamento de pacientes adultos com diabetes tipo 2 não satisfatoriamente controlada (ou seja, quando o nível de açúcar no sangue permanece muito alto), não possuindo indicação aprovada pelas agências regulatórias nacionais e internacionais para obesidade.

Segundo a empresa farmacêutica, os testes apontaram que o medicamento foi capaz de reduzir o peso corporal em até 17% em 68 semanas. O tratamento é realizado por aplicações semanais de injeções com o composto, que ajudou na redução de 20% do peso corporal de uma em cada três pessoas. Ainda segundo o estudo, 83,5% dos pacientes apresentaram queda no peso igual ou superior a 5%. 

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Segundo os dados do Atlas do Diabetes da IDF (em português, Federação Internacional de Diabetes), o Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de doentes adultos, entre 20 e 79 anos. Os brasileiros perdem apenas para China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. A estimativa da entidade é de que a incidência da doença em 2030 chegue a 21,5 milhões de pessoas, cerca de 30% da população.

Para o Dr. José Afonso Sallet, Diretor-Médico do Instituto de Medicina Sallet, a semaglutina, quando prescrito na dosagem de 2,4 mg, conforme apresentado no medicamento Wegovy®, é um fármaco seguro, que oferece bons resultados no controle de sobrepeso e obesidade.

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“A medicação está aprovada pela agência reguladora americana (FDA) desde 2021 e, agora no Brasil, oferece mais uma possibilidade de tratamento para pacientes que sofrem de obesidade e problemas de saúde relacionados ao excesso de peso”.

A obesidade no Brasil

Segundo a Pesquisa Vigitel, em julho de 2019, o excesso de peso afeta cerca de 55,7% da população brasileira. A primeira edição da consulta foi realizada em 2006, e o percentual era de 42,6%. Desde então, o crescimento acumulado do primeiro indicador foi de 30,8%. Ainda sobre a pesquisa, o excesso de peso tem predominância entre jovens, na faixa dos 18 aos 24 anos. Esse crescimento é maior nas mulheres, desde o início do estudo, entre elas aumentou 40%, enquanto o deles cresceu 21,7%.

Segundo o Dr. Sallet, a medicação desempenha algumas ações no organismo que colaboram para a redução de volume corporal. “Uma é aumentar a sensação de saciedade e reduzir o apetite. Ao ingerir menos alimentos, a tendência é que a pessoa perca peso de forma significativa”, afirma. “É importante alertar que a obesidade é uma doença crônica e multifatorial. Por essa razão, seu tratamento não deve se limitar a uma única estratégia”, ressalta.

A aprovação do Wegovy® se deu após estudos clínicos que analisaram mais de 4.500 pessoas no mundo. Os voluntários que fizeram parte do grupo controle, com uso de placebo, perderam apenas 2,4% de peso corporal. Entre os efeitos colaterais, estão alterações gastrointestinais, como náuseas, diarreia, vômitos, constipação e dores abdominais.

A semaglutida está presente no medicamento Ozempic®, indicado para diabetes tipo 2 e que já tem aprovação no Brasil. Ainda de acordo com o Diretor-Médico do Instituto de Medicina Sallet, geralmente, os pacientes voltam a engordar assim que param de recorrer à medicação. “O acompanhamento de uma equipe transdisciplinar e mudanças de hábitos são fundamentais para o emagrecimento sustentável e duradouro”.

O medicamento pode chegar ao SUS

O medicamento não está disponível para compra e ainda não há uma data prevista para que o Wegovy™ chegue ao mercado brasileiro e nem quanto custará. Conforme a Novo Nordisk, é preciso aguardar a finalização de processos, como a definição de preços pela CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos). Nos Estados Unidos, a semaglutida estava aprovada pela agência reguladora americana (FDA) desde o final de 2021 e tem seu preço de tabela em US$ 1.349, cerca de R$ 6 mil.

A medicação também ainda não foi submetida para avaliação na Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) para eventual oferta pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Para via de comparação, atualmente, a comissão avalia a incorporação da liraglutida (disponível no país por meio do medicamento Saxenda®) no SUS. 

Trata-se do primeiro medicamento injetável de uso diário indicado ao tratamento da obesidade, sendo, desde 2016, o único comercializado no Brasil. Em 2020, ele foi aprovado para prescrição também em adolescentes de 12 a 18 anos, tornando-se o único tratamento para obesidade aprovado para essa faixa etária no Brasil. É preciso ressaltar que, no final de 2022, a Novo Nordisk submeteu o Saxenda (liraglutida), para análise da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde). A análise está em andamento.

O tratamento da obesidade envolve múltiplas especialidades, como nutrição, endocrinologia, psicologia, psiquiatria, cirurgia e preparação física. “Qualquer tratamento deve ser acompanhado por uma equipe médica transdisciplinar. O uso de qualquer substância farmacológica sem necessidade pode oferecer efeitos adversos e prejudiciais à saúde”, completa Dr. Sallet.

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