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Especialistas debatem sobre transtornos emocionais durante a pandemia

Depressão e ansiedade ganham protagonismo durante isolamento social e acendem alerta

Folha Vitória|

Folha Vitória
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A pandemia de covid-19 e o isolamento social trouxeram ainda mais luz à importância dos cuidados, da informação de qualidade e do debate sem tabus quando o assunto é saúde mental. Transtornos emocionais como a depressão e a ansiedade ganharam novo contorno no cenário de insegurança e de distanciamento, e o chamado "novo normal" apresenta desafios em diversas frentes. 

O alerta se acende especialmente porque a depressão é o principal fator de risco para o suicídio no mundo. Atualmente, o Brasil apresenta a maior prevalência da doença da América Latina, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS): o problema afeta 5,8% da população, uma taxa superior à média global, que é de 4,4%.

"Quase 12 milhões de brasileiros enfrentam a depressão, o que equivale à população inteira de uma metrópole como São Paulo, por exemplo. No que diz respeito à ansiedade, os números do Brasil também são preocupantes. Segundo dados da OMS, o nosso país tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo2: 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) convivem com algum tipo de transtorno de ansiedade", afirma a diretora médica da Pfizer Brasil, Márjori Dulcine.

Diante do cenário atual e neste momento em que se contabiliza quase seis meses em distanciamento social, os gatilhos e sinais de alerta se dispararam ainda mais. Não à toa, os atendimentos psiquiátricos sofreram grande impacto durante a pandemia em todo o país: além da maior procura pela especialidade, aumentou o número de pacientes novos, que nunca haviam apresentado sintomas psiquiátricos antes da pandemia, e também a ocorrência de casos reincidentes, ou seja, pacientes que já haviam recebido alta médica e que tiveram recaída de seus sintomas.

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"Qualquer indivíduo está vulnerável a reações psicológicas diante de um cenário tão incerto, com mudanças impostas e de magnitude global como o atual. Adultos, jovens, idosos e até mesmo crianças podem apresentar algum sofrimento psíquico diante de tanta carga emocional", explica a Dra. Alexandrina Meleiro, vice-presidente da Comissão de Saúde Mental do Médico da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e vice-presidente da Associação Brasileira de Estudo e Prevenção de Suicídio (ABEPS).

No entanto, quando se analisa a relação da depressão com os mais jovens, a atenção deve ser redobrada. Segundo a pesquisa, realizada em 2019, "Depressão, suicídio e tabu no Brasil: um novo olhar sobre a Saúde Mental"4, aplicada pelo IBOPE Conecta em diferentes regiões metropolitanas do Brasil, os adolescentes apresentam maior dificuldade para falarem abertamente sobre o tema, até mesmo com os mais próximos. A doença para esse grupo apresenta maior estigma, mitos e tabus.

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"Verificamos que 39% dos adolescentes de 13 a 17 anos dizem que não se sentiriam à vontade para dividir o problema com a família caso recebessem um diagnóstico de depressão. Como contraponto, na faixa etária de 55 anos ou mais, essa porcentagem cai consideravelmente para 11%, demonstrando uma maior confiança e abertura para tratar o assunto com as pessoas do convívio próximo", compara a neurologista Elizabeth Bilevicius, líder médica da Upjohn, divisão da Pfizer focada em doenças crônicas não-transmissíveis.

No que diz respeito aos números de suicídio, os jovens também se destacam no ranking mundial. Segundo a OMS, 800 mil pessoas acabam com suas vidas todos os anos no mundo. Para cada adulto que morre dessa forma, outras 20 pessoas estão tentando seguir esse mesmo caminho sem volta. Entre os jovens de 15 a 29 anos de idade, o suicídio é a principal causa de morte.

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Diante deste cenário, de um ano marcado por uma pandemia, isolamento social, desemprego e muitas incertezas, a conscientização, a informação e o diálogo se tornaram ainda mais relevantes no que diz respeito à saúde mental. 

"O Setembro Amarelo, mês de prevenção do suicídio, é uma excelente oportunidade para reforçarmos o trabalho de sensibilização da população, de engajamento de profissionais de saúde e autoridades sanitárias, posicionando a depressão e a ansiedade como doenças, e, como tal, precisam, podem e devem ser diagnosticadas e tratadas para evitar que esses transtornos mentais evoluam para casos extremos como o suicídio. Não é apenas um momento de tristeza e a busca pela ajuda é necessária e o ponto de partida", alerta Elizabeth.

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