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Setor de resíduos responde por 4% do total de emissões de GEE no Brasil

Em 10 anos o país registrou um aumento de 23% das emissões de GEE por falta de processos de reaproveitamento, reciclagem e tratamento adequado de resíduos.

Folha Vitória

Folha Vitória|Do R7

Dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, publicado pela ABRELPE (Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), mostram que em 2019 a geração de resíduos foi responsável por 4% do total de emissões de gases de efeito estufa (GEE) no país, correspondente a 96 milhões de toneladas de CO2eq.

De acordo com levantamento da ABRELPE, cerca de 45% dos resíduos sólidos urbanos coletados nas cidades brasileiras corresponde à matéria orgânica, um total de 36,5 milhões de toneladas por ano que, apesar de ser a principal fonte de emissões de GEE, não recebe a devida atenção, com poucas iniciativas de recuperação no Brasil, onde menos de 1% desse material é aproveitado.

“O aumento das emissões de gases de efeito estufa registrado na última década no país também é fruto da gestão medieval de resíduos sólidos que ainda perdura no país, com lixões e aterros controlados ainda em operação, com queima a céu aberto em muitas localidades e total carência de aproveitamento da fração orgânica", observa Carlos Silva Filho, diretor presidente da ABRELPE e presidente da ISWA - International Solid Waste Association.

Durante a COP26, foi apresentada a Declaração Internacional sobre Mudanças Climáticas e o Setor de Gestão de Resíduos, documento inédito, elaborado pela ISWA e firmado por entidades de 46 países, incluindo a ABRELPE no Brasil. A declaração tem como objetivo destacar a essencialidade da gestão adequada de resíduos para reverter a crise climática e sensibilizar governos para o grande potencial de mitigação de emissões de gases de efeito estufa pelo setor.


Além disso, o tema também constou da programação oficial da Conferência Mundial, na qual foi ressaltada a importância de se implementar uma gestão adequada de resíduos sólidos no mundo, onde cerca de 3 bilhões de pessoas sofrem com a destinação inadequada para os materiais gerados diariamente. Segundo dados da ISWA apresentados no evento, as emissões de gases de efeito estufa da queima de resíduos a céu aberto correspondem a quase o dobro das emissões do setor de aviação em termos de efeitos climáticos.

E nesse sentido, a ISWA estima que a simples adoção de sistemas adequados de destinação de resíduos apresenta um potencial de mitigação de emissões de 5-10% do total. Ações de redução da geração de resíduos, a reciclagem e a recuperação de energia podem contribuir com uma redução adicional de 5-10%, dando um potencial total de mitigação do setor de resíduos e recursos de cerca de 20% das emissões globais de GEE, sem contar os diversos benefícios para o meio ambiente, para a saúde pública e para a economia.


No caso do Brasil, a transição do atual sistema linear de gestão de resíduos para um modelo circular, com fechamento dos lixões e aterros controlados, recuperação dos resíduos orgânicos, aproveitamento do gás nos aterros e adoção de processos tecnológicos mais modernos, tem o potencial de reduzir emissões de gases de efeito estufa correspondente à retirada de 7 milhões de automóveis das ruas, com benefícios diretos para a saúde de 76 milhões de pessoas.

“Trata-se de passo importante não só para reconhecer o papel vital da indústria dos resíduos sólidos no combate às mudanças climáticas, mas também para se comprometer a empreender as iniciativas necessárias para garantir que esse papel seja cumprido na prática, com efeitos positivos também para a saúde pública e proteção do meio ambiente”, diz Carlos Silva Filho, presidente da ISWA e diretor presidente da ABRELPE.

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