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Campeã mundial quer unir esgrima e arte para desenvolver modalidade

Gazeta Digital

Gazeta Digital|Do R7

Nathalie Moellhausen
Nathalie Moellhausen

Longos 52 anos separam as maiores conquistas da esgrima brasileira. No Pan de 1967, em Winnipeg, Arthur Cramer faturou o ouro na espada masculina. Em julho deste ano, com o título mundial na espada feminina, a ítalo-brasileira Nathalie Moellhausen escreveu mais um capítulo na história da modalidade no Brasil e de sua própria trajetória.

Com a missão de fazer o esporte crescer em um país onde é pouquíssimo popular, a quarta colocada no ranking mundial da Espada acredita que, além dos resultados, a arte pode ajudá-la a cumprir sua ambiciosa meta.

O extenso e diversificado currículo da medalhista de bronze nos Jogos Lima 2019 está sempre próximo da esgrima. Além de falar cinco idiomas (italiano, português, inglês, espanhol e francês), ela já foi modelo, estudou filosofia por três anos na Universidade de Sorbonne, na França, e é diretora de arte. Ainda que as áreas estejam distantes da prática esportiva, a atleta encontrou uma maneira de costurá-las à sua modalidade a fim de promovê-la pelo mundo.

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“Sempre fui apaixonada por arte e dança. Com meus projetos e minha companhia, a ideia é expressar a esgrima, que acho um esporte muito lindo, e mostrar toda a beleza dessa modalidade que está um pouco escondida atrás da máscara”, disse ela à reportagem do R7. “Divulgar o esporte através da arte é uma linguagem mais fácil e de entender e mais comunicativa que a parte técnica e esportiva da esgrima”, explicou.

Apesar das conquistas já alcançadas pelo Brasil, Nathalie nem sempre atuou defendendo a bandeira verde-amarela. Do começo da carreira até 2013, ela atuava pela Itália. Pelo país onde nasceu, conquistou, em Mundiais, um ouro (por equipes, em 2009) e dois bronzes (individual, em 2010, e por equipes, em 2011). Ainda faturou uma medalha de cada cor em diferentes edições do Campeonato Europeu da modalidade.


Início da relação com o esporte e a arte

Os primeiros passos da esgrimista na modalidade foram aos cinco anos de idade, na escola onde estudava. Como o esporte é popular no País da Bota, ela não teve problemas para encontrar onde competir.


“Além de continuar na escola, fui para um clube local. E segui, sem parar. Comecei nos primeiros torneios nacionais, e me saí bem. Depois me chamaram na equipe nacional júnior. No júnior, fui bronze no Mundial. Por equipes, também. Pouco a pouco evoluí e fui selecionada muito jovem para a equipe sênior da Itália”, contou a responsável por três medalhas mundiais pela Itália e três europeias.

Já na dança o início foi um pouco mais tarde. “Sempre fui apaixonada por arte e dança. O começo foi como bailarina, e aí comecei a fazer pequenas apresentações. Depois, construí um espetáculo em 2010, como diretora de arte da cerimônia de abertura do Mundial de esgrima em Paris. Ainda fui selecionada pela federação internacional de esgrima como diretora de arte da cerimônia do centenário da FIE (2013). Agora, em dezembro passado, realizei o 105º aniversário da federação”, contou Nathalie.

A filosofia, curso o qual estudou seguindo os passos da mãe e por gostar das áreas humanas, também entra nos planos da esgrimista para a projeção da modalidade. “Estudei por três anos. Mas depois segui pelo canal artístico e tenho tratado de usar aquilo que aprendi estudando filosofia para a arte e minhas experiências artísticas”, explicou.

O que a fez trocar a Itália pelo Brasil

Nathalie Moellhausen ficou por mais de um ano sem competir pela Itália. Após conseguir a nacionalidade brasileira, decidiu atuar pelo país de sua mãe.

“O que me motivou foi o fato de fazer um projeto novo, de levar [ao Brasil] aquilo que eu tinha aprendido. Decidi ir para o Brasil para poder fazer – espero que com meus resultados também – a esgrima mais popular no país, com novos projetos para desenvolver o esporte. Que isso possa trazer esperança para todos acreditarem em seus sonhos”, afirmou.

Após o bronze no Pan, ela virá ao Brasil “para divulgar os resultados [recentes]. Vou com meu treinador para mostrar coisas novas e ajudar os técnicos, além das as crianças das novas gerações. Quero motivar esse desenvolvimento lá”.

O que fará depois da carreira?

Nathalie, que completará seu 34º aniversário ainda em 2019, ainda compete na esgrima, mas já sabe quais são os planos para depois do fim de sua carreira.

“Pretendo continuar meu trabalho [com arte] na esgrima depois da minha carreira como atleta. Já tenho minha companhia formada, que se chama Five Touches (Cinco Toques). É um projeto muito grande que está formado e concretizado. Com isso, vou seguir meu futuro”, afirmou ela, que ainda se divide entre a arte e o esporte.

“É muito trabalho. A verdade é que combinar trabalho e esgrima não é fácil, mas pra mim é importante ter as duas coisas pra desligar um pouco de uma e voltar para outra”, contou.

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