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Há 60 anos sem se envolver em acidente, idoso tem 3 livros publicados sobre trânsito

Gazeta Digital

Gazeta Digital|Do R7

André Barbosa
André Barbosa

Quando jovem, era pelas revistas que o aposentado André Barbosa, agora com 83 anos, olhava deslumbrado aos anúncios de automóveis. Seu pai era quem levava o livreto da Capital para o sítio em que moravam, em Santo Antônio do Leveger (34 km ao sul de Cuiabá). Aos 18 anos, ele nunca havia saído do sítio e não entendia como é que um carro conseguia andar sem ser arrastado por um boi.

"Eu ficava empolgado, porque até então era só carro de boi que nós íamos para a roça buscar mantimento. Eu conheci a cidade só depois dos 18, quando vim para o quartel, mas não fui chamado e voltei para lá", explicou. 

A curiosidade pelo novo invento deu lugar à paixão que André carregou durante toda a vida. Nos últimos 60 anos, ele se dedicou a estudar sobre carros e acidentes de trânsito. O aposentado é escritor dos livros "O ajudante do motorista", "O caminhoneiro" e "Uma vida no trânsito", em que ensina o que aprendeu ao longo de sua vivência. 

Nos livros, ele ensina truques de como trocar pneu sem macaco, como desatolar um carro, como passar por águas fundas, atoleiros e buracos, além de técnicas para direção defensiva. Em 60 anos dirigindo, ele assegurou, nunca se envolveu em um acidente de trânsito. 


"Eu fui escrever o livro por conta do sentimento de mostrar para os outros de como fazer certo e dirigir. Meu objetivo é mostrar o que fiz para o trânsito e mostrar para os outros motoristas que dá para dirigir bem. O meu truque é direção defensiva, você jamais deve dirigir se estiver contrariado ou zangado", disse. 

Trabalhando desde 1958 como caminhoneiro, ele se aposentou em 1986 por tempo de serviço. Em 1997 ele começou a dar aulas em autoescolas da Capital, em que permaneceu até janeiro deste ano. Em sua trajetória, coleciona prêmios de motorista padrão pela fabricante de automóveis Volvo e já foi convidado para visitar à Suécia. 


Desligado do serviço há 11 meses, ele sente saudades de ensinar e se vê cada vez mais distante de sua paixão. Durante este tempo, já foi parar no hospital diagnosticado com depressão. Na garagem do prédio em que mora, em Várzea Grande, sua caminhonete de 20 anos acumula poeira, mas segue intacta. 

"Eu te levo lá e te mostro para você ver. Parece que tirei da fábrica agora. Nunca deu nenhum problema, não tem nada. Eu sinto saudade de ensinar. Até hoje estou assim, passo o dia inteiro aqui sozinho", finalizou.


Estatísticas

Apenas no feriado de Natal, em 2018, 6 mortes no trânsito foram registradas em Cuiabá e Várzea Grande. Os dados, da Delegacia Especializada de Delitos de Trânsito (Deletran), são de acidentes entre os dias 22 e 25 de dezembro. 

Se comparado com o ano passado, houve um aumento de 200%. Neste ano, foram 4 homicídios em Cuiabá e 2 em Várzea Grande. Em 2017 foram 2 mortes registradas neste período. 

No último domingo (23), 3 jovens foram atropelados em frente a casa noturna Valley Pub, na Capital. Eles saíam do estabelecimento às 5h quando foram atingidos pela motorista Rafaela Screnci, 33. Myllena Inocêncio, 22, morreu na hora. O cantor sertanejo Rmaon Alcides, 25, e a estudante Hya Girotto, 21, continuam internados em estado gravíssimo.

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