Guardiões da Amazônia sustentam conservação do bioma, mas vivem sem estrutura
Indígenas e quilombolas são quem mais protege áreas na Amazônia, mesmo com saneamento precário e demora na titulação de terras
Cidades|Do R7, em Brasília

Os povos indígenas e quilombolas continuam sendo os principais responsáveis por manter a floresta em pé, mas vivem em condições precárias. É o que mostra o novo levantamento do IBGE, divulgado durante a COP30, em Belém (PA).
De acordo com o estudo, as Terras Indígenas e Quilombolas ocupam 1,18 milhão de quilômetros quadrados — mais da metade das Áreas Protegidas da Amazônia Legal —, mas a maioria dessas comunidades enfrenta falta de saneamento básico, acesso limitado a serviços públicos e insegurança fundiária.
O relatório “Áreas Protegidas na Amazônia Legal: um retrato ambiental e estatístico” revela uma contradição cada vez mais evidente: as comunidades que mais contribuem para conter o desmatamento e preservar a biodiversidade são também as que menos recebem apoio do Estado.
Entre as 245 áreas quilombolas oficialmente reconhecidas, 78% ainda não estão regularizadas. No caso dos povos indígenas, 47 territórios seguem em processo de demarcação, muitos paralisados há anos.
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Perfil
Além da demora na titulação, os dados do Censo 2022, incorporados ao estudo, mostram um retrato de vulnerabilidade social persistente. Nessas regiões, predominam populações jovens, com baixa escolaridade, moradias improvisadas e quase nenhum acesso a saneamento.
Em várias localidades, o atendimento básico de saúde e educação depende de projetos emergenciais ou convênios temporários com ONGs.

Barreiras contra o desmatamento
Segundo o estudo, as Terras Indígenas e as Unidades de Conservação funcionam como barreiras efetivas ao avanço do desmatamento. Enquanto áreas sem proteção registraram alta de 20% na derrubada de floresta em 2024, os territórios indígenas tiveram aumento inferior a 2%.
Apesar disso, o IBGE aponta que os investimentos públicos e a regularização fundiária seguem insuficientes para garantir a proteção das comunidades.
O levantamento destaca ainda que os territórios protegidos são essenciais para conter a expansão do garimpo, da grilagem e do desmatamento ilegal. No entanto, o documento chama atenção para a falta de estrutura e de políticas permanentes de apoio técnico e social voltadas a essas populações.
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