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Homicídios não registrados entre 2019 e 2022 no Brasil equivalem à queda de 160 aviões lotados

Segundo levantamento, 24.102 pessoas foram vítimas de homicídio no intervalo, mas dados não foram oficialmente contabilizados

Cidades|Rafaela Soares, do R7, em Brasília

Atlas da Violência 2024 foi divulgado nesta terça Tãnia Rêgo/Agência Brasil

O Atlas da Violência de 2024 mostrou que o número estimado de casos de homicídios sem registro oficial — também chamados de “ocultos” — entre 2019 e 2022 foi equivalente à queda de 160 aviões lotados. Nesse período, de acordo com o levantamento, 24.102 pessoas foram vítimas do crime, mas os dados não foram oficialmente contabilizados. A pesquisa foi divulgada nesta terça-feira (18) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Segundo os responsáveis pelo estudo, o cenário corresponde a “tragédias invisibilizadas” que “passaram ao largo das estatísticas oficiais de violência no país”.

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Para chegar ao número sobre homicídios ocultos, os autores do levantamento usaram uma metodologia para identificar padrões em dados que diferenciam tipos de eventos, como homicídios, suicídios ou acidentes. Nesse método, um computador é “treinado” com um conjunto de dados já rotulado com as categorias selecionadas (por exemplo, cada caso é marcado como homicídio, suicídio ou acidente). O modelo aprende a associar as características dos dados (pessoais e situacionais) com o tipo de evento.

O Atlas da Violência apresentou dados de 2012 a 2022. Nesse intervalo, foram 51.726 homicídios que ficaram sem registro em todo o país. O ano de 2019, de acordo com o estudo, foi o que registrou o maior número de homicídios ocultos da série histórica, com 7.366.

Segundo um dos pesquisadores do levantamento, Daniel Cerqueira, muitos homicídios acabam não sendo registrados como tal pois no momento da necropsia não é possível atestar a verdadeira causa da morte.

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“No Brasil, quando uma pessoa morre de morte violenta, o médico legista tem que expedir a declaração de óbito. Ao fazer o laudo cadavérico, o legista muitas vezes não consegue aferir qual foi a motivação que gerou o primeiro fato mórbido. Muitas vezes ele pode até ver uma pessoa com perfuração por arma de fogo, mas não sabe dizer se aquilo foi resultado de um suicídio, acidente ou homicídio. Aquela declaração de óbito com esse campo em branco segue para a Secretaria de Saúde”, explicou ele em coletiva de imprensa.

A quantidade de assassinatos ocultos em 2022 cresceu em relação ao anterior, chegando a 5.982 contra 5.152 em 2021. No documento, os pesquisadores afirmam que as políticas armamentistas lançadas a partir de 2020 podem ter influenciado no aumento dos homicídios, “anulando a maré a favor da redução de mortes”. O estudo defende que não existiu nenhum sinal de melhoria na segurança pública brasileira nos últimos anos.

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