Itabuna enfrenta a maior cheia do rio Cachoeira desde 1967
Pontes ficaram submersas e população sofre com o colapso do abastecimento de água, sem telefone e sem internet
Cidades|Do R7
A cidade de Itabuna, no sul da Bahia, enfrenta a maior cheia do rio Cachoeira desde 1967 após as fortes chuvas que castigam a região. Desde a noite deste sábado (25), equipes da prefeitura, voluntários e bombeiros, além da Defesa Civil e da Guarda Municipal, prestam assistência às famílias atingidas pela enchente.
Por volta das 20h, as pessoas já faziam registros de vídeo em telefones celulares para informar sobre alagamentos na avenida do Cinquentenário e transversais. As áreas ribeirinhas foram as mais atingidas por causa da subida do rio Cachoeira na sua calha, e canais de drenagem, riachos e ribeirões com águas retidas extravasaram.
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No trecho do rio que corta a zona urbana, as pontes Lacerda, de acesso ao São Caetano e à zona sul, e Miguel Calmon (Marabá), ligação entre o centro da cidade e os bairros Góes Calmon e Conceição, foram interditadas depois de ter ficado submersas. A forte correnteza lançou detritos e baronesas (planta aquática) em todas as partes baixas das Avenidas Cinquentenário, Firmino Alves, Fernando Cordier e Garcia e na rua Paulino Vieira e transversais.
Como parte do centro comercial de Itabuna está sob águas do rio Cachoeira, os sistemas de telefonia e internet colapsaram, causando ainda mais problemas às pessoas, incluindo as equipes das secretarias municipais coordenadas pela Defesa Civil e Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza.
O pior cenário da enchente ficou na zona oeste. As equipes tiveram dificuldade para fornecer alimentos e remédios a 97 famílias que estão abrigadas no Parque de Exposições Antônio Setenta. Foi necessário o uso de botes e motos aquáticas para enfrentar a correnteza.
A força da água derrubou o muro de uma distribuidora de gás, e botijões foram vistos pelas águas do riacho em direção ao rio Cachoeira.
O prefeito de Itabuna, Augusto Castro, disse que a coordenação tem sido um ponto positivo no socorro aos desabrigados e desalojados pela enchente. Castro pediu mais apoio aos governos federal e estadual para que a assistência a quem mais precisa seja ampliada. O prefeito participou de uma reunião com o governador do estado e representantes do governo federal para formar uma força-tarefa na região.
Por volta das 13h, a Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza divulgou um balanço parcial das famílias removidas para escolas públicas: Escola Raimundo Machado (130), Colégio Modelo (180), Escola João Mangabinha Filho (39), Escola Municipal Firmino Alves (33), Parque de Exposições Antônio Setenta (97), Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic Jorge Amado – 210), Lar Fabiano de Cristo (46), UAB – o antigo Colégio ACM, Escola Maria Creuza (60), e Colizeu (30).
As chuvas de mais de 48 horas em Itabuna também causaram problemas à estrutura de casas e imóveis públicos. O prédio onde funciona o Tiro de Guerra 06/007 foi parcialmente interditado pela Defesa Civil, com emissão de laudo técnico apontando comprometimento de sua estrutura física. Apesar disso, a unidade militar cedeu à prefeitura a quadra não coberta para servir de ponto de apoio aos desabrigados.
Colapso no abastecimento
A Emasa (Empresa Municipal de Águas e Saneamento) divulgou, neste sábado, uma nota em que informa que o sistema de abastecimento de água está em colapso e comprometido até que a situação do rio Cachoeira e, nesse caso, também a do rio Almada sejam normalizadas. A motobomba na estação de captação no rio Almada, no distrito de Rio do Braço, município de Ilhéus, foi substituída, mas há falta de energia, o que prejudica o fornecimento de água.
Na captação direta no Cachoeira, os painéis de energia elétrica foram afetados pela cheia do rio – as motobombas ficaram danificadas pelas baronesas que se enroscaram nas engrenagens e entupiram dutos que fazem a sucção da água. Com isso, o abastecimento em toda a cidade foi interrompido. As pessoas têm que economizar a água que possuem em seus reservatórios, pois, enquanto as condições climáticas não se normalizarem, o abastecimento de água não poderá ser retomado.