Líder religioso, condenado por estupros de crianças é preso de Belo Horizonte
As investigações da Polícia Civil apontaram que o homem usava a fé e a religiosidade para se aproximar das meninas e cometer uma série de estupros.
Cidades|Do R7
O líder religioso Dinamá Pereira Rezende, 58 anos, julgado e condenado por abusar sexualmente de seis mulheres e duas crianças, foi preso nesse sábado (11), no bairro Copacabana, na Região de Venda Nova.
A captura do criminoso ocorreu após informações dos policiais civis da cidade de Várzea da Palma, no Norte de Minas Gerais, a 313 km de Belo Horizonte, de que ele estaria se escondendo em Belo Horizonte.
O serviço de inteligência da Polícia Civil começou o rastreamento localizando-o, na Rua Universo. Dinamá foi encontrado no local onde se escondia e onde usava o nome falso de “João”.
De acordo com a Polícia Civil, foi dada voz de prisão ao foragido e ele foi encaminhado à Ceflan 4, no Bairro Alípio de Melo e de lá encaminhando para um presídio.
Em 10 de novembro de 2021, a justiça condenou a 87 anos e 5 meses e 20 dias de prisão Dinamá Pereira de Resende, que ficou conhecido como “Dinamá das Crianças” pelo crime de estupro contra meninas no município mineiro Várzea da Palma, no Norte de Minas Gerais. O acusado foi denunciado por vítimas, mães e parentes das meninas violentadas.
As investigações da Polícia Civil apontaram que o homem usava a fé e a religiosidade para se aproximar das meninas e cometer uma série de estupros. Ele agiu por décadas na cidade e fez dezenas de vítimas.
Havia três inquéritos contra o réu, dois da Policia Civil e um do Ministério Público de Minas Gerais. Ele se aproveitava dos eventos infantis que ele fazia em Várzeas da Palma, a maioria deles religiosos para cometer os abusos.
Na condenação, ocorrida pouco mais de dois anos do início das investigações, a Justiça entendeu que ele cometeu crimes sexuais contra todas as sete vítimas entre 2000 e 2006 que entraram com o processo. A decisão foi em 1ª instância e cabia recurso. O acusado poderia recorrer do processo em liberdade.
O réu era funcionário da prefeitura de Várzea da Palma, onde trabalhava como pedreiro. Durante 30 anos ele promoveu festas religiosas e atividades culturais gratuitas envolvendo crianças, tendo contato com mais de 5.000 menores.
Caso
A história de mulheres que denunciaram uma série de crimes sexuais contra crianças e adolescentes, cometidos na década de 1990, em Várzea da Palma, cidade com 39 mil habitantes, veio à tona em agosto de 2020. Segundo a polícia, mais de 5 mil meninos e meninas teriam frequentado atividades religiosas e culturais promovidas por Dinamá Perreira de Resende, suspeito de abuso e violência sexual. Este pode ser considerado, segundo especialistas em direito criminal, como um dos maiores casos de violência sexual contra menores de idade, da história de Minas Gerais, pelo número de possíveis vítimas e o tempo em que o suposto abusador teria acesso à elas, mais de 30 anos.
Os casos só foram revelados após uma das vítimas, Ana Paula Fernandes dos Santos, na época com 26 anos, procurou a delegacia da cidade. Foi em 18 de outubro de 2019 que a jovem denunciou o estupro que sofreu quando criança. Após oficializar a denúncia, Ana postou seu relato em uma rede social. Ela revelou como os abusos eram cometidos e mesmo sem identificar o autor do crime, muitas outras vítimas se identificaram com o caso e publicaram no post histórias parecidas, quebrando décadas de silêncio.
No inquérito instaurado pela Polícia Civil, seis mulheres e duas crianças afirmavam terem sido vítimas de violência sexual por parte de Dinamá. Outras 3 também constam na documentação, porém a promotoria não ofereceu denúncia no caso delas por entender que os casos já estavam prescritos. Segundo as denúncias, ele agia dentro de uma escola, na igreja, nas ruas, e principalmente, dentro da casa onde morava com a companheira – hoje falecida – e as enteadas. Até nas casas de outras crianças Dinamá cometia os crimes, segundo os relatos.
Nas redes sociais, Dinamá publicava fotos de crianças e adolescentes. As imagens foram descobertas nas investigações. Os policiais civis encontraram uma postagem de 2016, em que Dinamá teria compartilhado a foto de uma menina vestida com roupas íntimas e usado a legenda “gostosinha” para descrevê-la.
Também teve denúncia de uma adolescente. Ela apresentou prints de conversas em que Dinamá ofereceu R$ 1 mil em troca de fotos suas quando criança, além de tentativa de exploração sexual.
Durante esses anos em que o processo corria na justiça, Dinamá foi obrigado a cumprir medida protetiva, e se manter distante de crianças e adolescentes em Várzea da Palma. Ele também foi afastado das atividades religiosas e culturais.