Maceió: especialistas alertam para risco de colapso e citam 'apagão de informações'
Imagens divulgadas pela prefeitura mostram o reflexo do rompimento registrado às 13h15 de domingo na lagoa Mundaú
Cidades|Do R7
O professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) Dilson Ferreira afirma que a movimentação do solo na lagoa Mundaú pode indicar o início do rompimento total da mina da Braskem em Maceió e a possibilidade de impacto em outras minas da região — são 35 ao todo.
"A mina tem 60% de sua área dentro da lagoa; os outros 40% estão no continente. A porção que está dentro da lagoa colapsou e iniciou um processo de rompimento. Nas próximas horas, teremos a noção se ela vai se estabilizar. Se a cratera abrir mais, ela pode atingir as outras minas do lado. Tudo é um processo com algumas etapas. Provavelmente teremos outros desmoronamentos até que ela se estabilize", diz o especialista.
O rompimento deste domingo (10) não significa o colapso da mina, mas sim o começo do processo, de acordo com a engenheira geóloga Regla Toujaguez, também professora da Ufal.
"Ainda não é o colapso, mas esse rompimento é o início do processo. Para que o colapso aconteça de fato, toda a circunferência deve ceder, algo que ainda não aconteceu, mas agora é preciso ficar em alerta", diz a especialista.
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Ferreira reclama de falta de informações. "Os dados foram omitidos ou não foram coletados. Na universidade, não temos informações suficientes para prever o que vai acontecer. É um apagão de informações. A informação que temos é a informação que a Defesa Civil passa à população."
Imagens divulgadas pela prefeitura mostram o reflexo do rompimento registrado às 13h15 deste domingo na Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange. Com a fissura, a água da lagoa está entrando na mina. Não há risco à população, porque a área foi desocupada. O rompimento é da ordem de 60 metros de diâmetro, de acordo com o prefeito de Macéio, João Henrique Caldas (PL).
"O sistema de monitoramento de solo captou a movimentação por meio de DGPS instalados na região. As autoridades foram imediatamente comunicadas, e a Braskem segue colaborando com elas", informou a mineradora Braskem.
Abel Galindo, professor de engenharia civil na Ufal e o primeiro a alertar sobre a possibilidade de desabamento de uma das minas da Braskem, décadas atrás, ressaltou: "Essa turbulência foi a água e o solo descendo para dentro da mina. Terminou a novela. A mina não existe mais, está cheia de rochas e pedras. Conforme eu havia dito".
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