Massacre de Paraisópolis completa 5 anos, e famílias reivindicam por punições
Ao todo, 12 policiais foram acusados de cometer os homicídios e um 13º responde por expor as pessoas do baile a risco
Cidades|Do R7, em Brasília, com informações da Agência Brasil
O Massacre de Paraisópolis completa, neste domingo (1°), cinco anos. Em ato realizado mais cedo, familiares das vítimas criticaram a falta de punição para os responsáveis pela morte de nove jovens, sendo apenas um dos casos da violência policial. A ação aconteceu em frente a um dos portões de acesso ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo.
A tragédia também foi lembrada com o lançamento de um site, que contém a linha do tempo do caso e hospeda uma central de denúncias. Na plataforma, também há relatórios que explicam o episódio, abordam o dilema da violência policial e a criminalização do funk.
LEIA MAIS
Os manifestantes do ato percorreram a Rua Nabih Assad Abdalla, no Morumbi, com faixas que pediam paz e que continham outras mensagens, como “O Direito existe para que a justiça seja feita” e “Não foi socorro”, que rebate a versão da PM (Polícia Militar) de que os agentes foram acionados e chegaram ao Baile da DZ7, em 2019, para prestar socorro e não para atuar como força de repressão. Nos dois portões do palácio, foram feitos bloqueios por agentes da corporação.
Cristina Quirino, mãe de Denys Henrique Quirino, uma das vítimas, destacou que ela e os demais familiares dos jovens mortos pela PM pedem não só a punição dos policiais, mas de quem dá as ordens e os orienta sobre o que é aceitável, ou não, quanto à conduta que adotam em serviço.
“Não é só quem aperta o gatilho, quem joga o gás lacrimogêneo, quem executa. Quem manda também tem que ser punido”, afirmou Cristina. “É por isso que a gente tem aqui mães [de vítimas] de outros casos, que não o de Paraisópolis”, observou. “Os governadores não são punidos”, continou.
Denys era uma das nove vítimas que morreram durante uma operação realizada durante o Baile da DZ7, de funk, na favela de Paraisópolis, em 2019. Ao todo, 12 policiais foram acusados de cometer os homicídios e um 13º responde por expor as pessoas do baile a risco, já que teria soltado explosivos em meio à multidão que se aglomerava e, com isso, agravado a situação.
A primeira audiência de instrução, no Tribunal de Justiça de São Paulo, ocorreu ao final de julho de 2023. Havia 24 testemunhas de acusação na lista de depoimentos programados, de um total de 52 testemunhas arroladas.
Em dezembro de 2023, as audiências foram retomadas. Uma das principais perspectivas apresentadas à Corte foi a da biomédica do Caaf (Centro de Antropologia e Arqueologia Forense) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Ana Paula de Souza Velloso, que demonstrou que as vítimas morreram por asfixia mecânica, não por pisoteamento.
A Defensoria Pública de São Paulo chegou a detalhar o caso em um relatório de 187 páginas, destacando a análise de imagens captadas por câmeras e conversas que revelam o modo como os policiais agiram na ocasião. O órgão afirmou que há sólidas evidências de que os agentes encurralaram jovens em uma viela da comunidade e que as vítimas morreram por asfixia, não por terem sido pisoteadas, como sustentam.
João Doria era o governador do estado, à época do massacre. Ele disse que não iria recuar nos comandos dados às forças de segurança pública, mesmo após inúmeras denúncias de abuso praticados por agentes