Metanol: entenda intoxicação por consumo de uísque, gin e vodca falsos, elo com o PCC e mortes
Duas pessoas morreram após ingestão de bebidas clandestinas em São Paulo; governo federal já registra nove casos de envenenamento
Cidades|Do R7
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“Não consuma bebidas destiladas em bares. Temos muitos pacientes internados por intoxicação por consumo de bebidas adulteradas. Em alguns casos, os hospitalizados vão para a hemodiálise e estão com cegueira total”.
A mensagem encaminhada diversas vezes (com variações), em grupos de WhatsApp, tem fundamento: os casos por intoxicação por metanol dispararam no país. A substância é altamente tóxica e perigosa, mesmo em pequenas doses, e ataca o sistema nervoso.
A causa é o consumo de bebidas destiladas contaminadas, especialmente gin, vodca e uísque, em bares, festas, lojas de conveniência, adegas e distribuidoras.
Metanol: quais os sintomas e como evitar bebidas adulteradas
Nos últimos 25 dias, a Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos), órgão ligado ao Ministério da Justiça, registrou nove casos de contaminação por metanol no estado de São Paulo. Todos estão ligados à ingestão de drinks falsificados.
Metanol e o poder de matar
O primeiro alerta sobre o metanol, um poderoso solvente usado na cadeia de combustíveis, foi dado pelo Ciatox (Centro de Informação e Assistência Toxicológica), de Campinas (SP), que notou um desvio grave no padrão de contaminação pela substância no território paulista.
O órgão já havia registrado alguns casos de intoxicação pela substância, nos últimos dois anos, associados ao consumo de combustíveis por ingestão proposital pela população de rua.
Agora, porém, o Ciatox notou que os pacientes tinham uma diferença em comum: todos haviam frequentado bares e consumido vários tipos de bebida, como gin, uísque e vodca. As autoridades admitem que o número de casos deve ser maior por conta da subnotificação.
O consumo acidental ou proposital do metanol provoca contaminação grave e pode matar. O tratamento, em hospitais, é feito com antídotos e hemodiálise nos casos mais graves.
Ligação do metanol com o PCC
Parte do metanol trazida ao país ilegalmente está ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital), adverte o presidente da Associação de Combate à Falsificação Rodolfo Ramazzini.
“Distribuidoras e importadoras trazem metanol para o Brasil, com falsas declarações de importação e com falsas declarações de origem. Esse metanol entra no país para ser usado na fabricação de combustível ou refino de petróleo e, no final das contas, acaba sendo colocado no mercado de todas as maneiras possíveis”, diz.

Mortes em São Paulo
Desde junho, duas pessoas morreram, uma em São Bernardo do Campo (SP) e outra na capital paulista, em decorrência da intoxicação por metanol. A informação é da SES (Secretaria Estadual de Saúde), por meio de dados do CVS (Centro de Vigilância Sanitária).
Há outros quatro casos registrados no estado — as vítimas sobreviveram. As autoridades paulistas investigam outros dez casos de contaminação por metanol, só na capital, depois do uso de bebida adulterada.
Consumidor: o que fazer?
As cidades paulistas em que houve registros de contaminação por metanol, com apoio do CVS, ampliaram a fiscalização de distribuidoras e bares ligados ao comércio de produtos contaminados.
Consumir bebida alcoólica de origem clandestina ou sem procedência confiável representa risco à saúde.
Os bares, restaurantes, adegas e distribuidoras devem redobrar a atenção sobre a procedência das bebidas. Os rótulos, lacres de segurança e selo fiscal das bebidas devem estar preservados.
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