Primavera pode registrar temperaturas mais altas que a média histórica, diz Inmet
DF sofre com a seca e está em alerta laranja de baixa umidade; Rio Grande do Sul entra em alerta vermelho para chuvas
Cidades|Beatriz Oliveira*, do R7, em Brasília
No último domingo (22), às 9h44, começou a primavera, que costuma trazer temperaturas mais baixas e período de chuvas. Neste ano, contudo, essa realidade pode ser diferente no Brasil, que promete registrar um clima mais quente que o normal para a estação. Segundo o Prognóstico da Primavera de 2024, elaborado pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a previsão é que o clima seco e as altas temperaturas se mantenham até novembro em todas as regiões do país.
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O Inmet, junto ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e à Funceme (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos), produziu um infográfico com a previsão de temperatura média do ar para o último trimestre do ano. O instituto usa uma escala de -3, para mais frio, e 3, para mais quente. A maior parte do mapa está coberta em vermelho, que representa os níveis 1 e 2 de calor. Segundo o infográfico, as regiões Norte e Centro-Oeste devem sofrer completamente com temperaturas altas, enquanto o leste do Nordeste fica levemente mais fresco.
Segundo o meteorologista do Inmet Cleber Souza, a tendência é que a temperatura suba nos próximos anos. “Nos últimos quatro meses, o mundo inteiro registrou temperaturas altas. O Brasil teve a maior temperatura média hoje. Como a primavera é a estação em que o sol fica mais forte, a tendência é que fique mais quente a cada ano”, diz.
Previsão de chuvas
Cleber Souza pontua que a chegada da chuva está atrasada em todas as regiões do país, com exceção do estado do Rio Grande do Sul, que registra chuvas fortes e está em alerta vermelho emitido pelo Inmet nesta segunda-feira (23). “A diferença que se percebe dessa primavera para a passada é que a chuva chegou em agosto no último ano. Neste ano, já estamos no final de setembro, e o longo período de estiagem ainda continua em vários estados”, diz.
O período de chuvas deve começar entre o final de outubro e meados de novembro, segundo a previsão do instituto. Cleber reforça que, dependendo da força das precipitações, as temperaturas podem não abaixar. Ele explica que, para amenizar o calor, a chuva precisa ser forte, pois, assim, mantém o solo encharcado e resfria o local.
O especialista reforça que a área central do Brasil, onde fica o Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, deve começar a receber chuvas fracas em breve. Segundo ele, esse ritmo também não seria suficiente para controlar os focos de incêndio espalhados pelo Cerrado e Pantanal.
Clima por região
Na região Sul, o calor pode estar acima do esperado, segundo a previsão do Inmet de outubro a dezembro. A chuva deve ficar abaixo da média no Paraná e em Santa Catarina, o que pode afetar o cultivo de grãos. Já no Rio Grande do Sul, a expectativa é de grande nível de chuva, o que beneficiaria a safra.
O Inmet alerta que as chuvas e a umidade devem continuar baixas na área sul da Amazônia, o que aumenta as condições para queimadas e incêndios florestais. Segundo o Inpe, o bioma teve 100.543 focos de calor em 2024. No Acre, em Roraima e no sudeste do Amazonas deve chover acima da média histórica.
A chuva no Nordeste deve ficar abaixo da média histórica, exceto na Bahia, que espera altos níveis de precipitação. Segundo o instituto, as temperaturas podem aumentar bastante, principalmente no oeste da região. O Maranhão e Piauí são os principais locais que correm risco de sofrer com o baixo índice de chuvas, o que afeta a vegetação por causa das queimadas. Segundo o Inpe, os dois estados registraram, respectivamente, 11.231 e 5.629 focos de incêndio neste ano.
Em São Paulo e no meio oeste de Minas Gerais, é previsto chuvas abaixo da média e altas temperaturas nos próximos meses. Nas outras áreas da região Sudeste, a chuva pode ser mais regulada.
No Centro-Oeste, a chuva deve voltar gradualmente em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No resto da região, a precipitação permanece abaixo da média. O Distrito Federal, que vive a segunda maior seca da história, continua sem chuva durante a semana, de acordo com uma previsão do Climatempo. Nesta segunda, a capital está com alerta laranja do Inmet de baixa umidade. Isso deve permanecer pelos próximos dias, segundo previsões.
*Sob supervisão de Leonardo Meireles