Profissionais rebatem mitos sobre profissão de detetive
Diferença entre os termos "detetive" e "investigador" divide opiniões de quem trabalha no ramo
Cidades|Do R7*
Consta no imaginário popular que o detetive é aquela pessoa que utiliza casaco xadrez e tem como principal ferramenta de trabalho a lupa, um traje típico dos desenhos e filmes. O serviço é, no entanto, coisa séria e movimenta um grande mercado.
O investigador Fabrício Ruiz Dias diz que essa ideia é a apenas um mito e defende a importância da investigação.
— Já está se desmistificando muito a ideia de que um detetive é um sujeito atrapalhado, que mora em uma quitinete e com um gato que dorme o dia inteiro. Hoje em dia isso não é mais assim. Você tem um detetive hoje com um papel fundamental na sociedade, em relação a diversos tipos de investigação.
A visão é compartilhada por Rosangela Cruz, uma das investigadoras da empresa Sewell Investigações e Perícias.
— Eu me vestir de faxineira é muita história. Nós não fazemos isso. A pessoa que está sendo investigada não nos conhece, então não preciso me fantasiar. A gente usa a inteligência e não o disfarce.
Nomenclatura
Um detalhe que também pode passar despercebido é o próprio nome da profissão. Para alguns, o termo detetive e investigador são utilizados como sinônimo. Patrício Sewell, dono da empresa de investigações que leva sobrenome da família, afirma, no entanto, que esta é uma prática errada e que os termos têm diferença.
— Aqui no Brasil, detetive é uma coisa e investigador é outra. Embora no dicionário apareça que são sinônimos, é bastante diferente. O detetive vem de "detectare" [descobrir, detectar, em Latim]. Ou seja, qualquer um pode ser detetive, inclusive um policial militar, pois ele detecta um fato, se coloca em conhecimento da Justiça e aí entra o trabalho do investigador para levar a fundo a investigação [...] O detetive particular até pode, mas não tem condições de elaborar um laudo, um relatório, por exemplo.
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Para Dias, os termos também apresentam diferenças, mas em quesitos distintos, como a área de atuação, por exemplo.
— O que muda, na realidade, não é a classificação entre detetive e investigador. Existe a diferença entre detetive particular e investigador particular. Existe detetive policial e investigador de polícia.
O detetive diz ainda que o termo muda também de acordo com a região do País.
— No Rio de Janeiro, por exemplo, o termo detetive usa-se para investigador de polícia. Então se você chegar no Rio e disser que você é detetive, a população vai analisar que você faz parte de um órgão governamental.
O presidente da FBI (Federação Brasileira de Investigações), Evódio Eloísio de Souza, afirma, no entanto, que na COB (Classificação Brasileira de Ocupações), investigador particular e detive particular são a mesma coisa, ou seja, sinônimos.
O COB a que Souza se refere é o da ocupação “detetive profissional”. No cadastro, os títulos de “detetive particular” e “investigador particular” aparecem como termos iguais.
Seja detetive ou investigador, Dias conclui que, apesar das diferenças, o trabalho da apuração vai além do simples ato de ir atrás de pistas e dados.
— O principal da investigação é a paciência. Você também tem que ter um pouco de psicologia, para você conversar com o seu cliente, saber abordar o assunto. Tem que tomar cuidado com o que você vai falar e que prova você vai apresentar.
*Colaborou Thiago Pássaro, estagiário do R7