Quase 1,5 milhão de domicílios não possuem banheiro de uso exclusivo no Brasil, diz pesquisa
Dados da PNAD Contínua apontam que 69,9% dos lares têm escoamento de esgoto pela rede geral ou fossa séptica
Cidades|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília
Em 2023, 1,476 milhão de domicílios no Brasil não possuíam banheiro de uso exclusivo. Esse número representa 1,9% dos 77,7 milhões de domicílios estimados pela PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) - Características gerais dos domicílios e dos moradores 2023.
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O Centro-Oeste é a região com maior quantidade de domicílios com banheiros de uso exclusivo, chegando a 99,9%, seguido do Sul e Sudeste (ambos com 99,8%), Nordeste (95,4%) e pelo Norte (92,4%).
Em 69,9% dos domicílios do Brasil, o escoamento de esgoto era feito pela rede geral (quando a canalização de esgoto é ligada diretamente a uma rede coletora) ou a uma fossa séptica ligada à rede geral (esgoto é ligado a tanques de material impermeável, sendo que a parte líquida é canalizada para a rede geral de esgoto).
Em áreas urbanas, o acesso à rede de esgoto estava em 78% no ano passado, enquanto em áreas rurais esse indicador foi de 9,6%.
Sobre essa grande diferença, a pesquisa salienta a “diversidade observada nas áreas rurais” nesse aspecto.
“A cobertura de alguns serviços de saneamento básico é factível em áreas rurais no entorno de centros urbanos, enquanto em áreas mais isoladas ou com baixa densidade populacional pode ser necessária a busca por soluções localizadas, ou individuais, como a instalação de fossas sépticas não ligadas à rede coletora e o uso de poços artesianos para o abastecimento de água”, diz o levantamento.
A coleta de lixo direta por meio de serviço de limpeza cresceu 3,4% entre 2016 e 2023, chegando a 86,1%. Todas as regiões apresentaram a coleta direta como predominante.
Infraestrutura do país
O especialista em custos e governança do setor público Marilson Dantas avalia que a infraestrutura do Brasil é uma questão que deve sempre ser trabalhada. Para ele, “a universalidade dos serviços públicos é um desafio para o país”, que é dificultada pelo fato de o Brasil não ser totalmente urbano.
“O crescimento do serviço público tem que ser constante, e ele é caro e não salta. Nós vamos levar décadas para resolver problemas, mas precisamos ir resolvendo a cada ano”, comenta.
“O saneamento ajuda e contribui para a qualidade de vida, nos coloca em uma posição diferenciada. Isso tem relação direta com nosso conhecimento e capacidade de crescimento. Se você diminui o investimento, de alguma maneira, você perde e tem acesso à moradia com qualidade inferior”, explica.