RS: PM algema advogado e quebra identificação em visita a preso
Advogado Ismael Schmitt foi ao Presídio Central de Porto Alegre para prestar assistência a um preso, mas foi agredido por policiais
Cidades|Kaique Dalapola, do R7

Seria um dia comum para o advogado Ismael Schmitt, que atua há mais de uma década na área criminalística no Rio Grande do Sul, se não fosse um possível desconhecimento de policiais militares do Presídio Central de Porto Alegre, que não aceitaram e quebraram sua identificação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), o algemaram e prenderam duvidando que ele estaria na unidade para atender um cliente.
Foi isso que o advogado registrou na 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento, da Polícia Civil, em Porto Alegre (RS), na manhã de quinta-feira (3). Segundo ele, como era feriado, foi ao presídio para prestar assistência a um cliente preso com roupas de moletom, diferentemente do vestimento social que costuma usar.
Chegando no presídio, como de praxe, fez a devida identificação para entrar com o carro, estacionou em uma área reservada para advogados e militares, e se direcionou para se informar onde deveria ir para prestar o serviço que pretendia no atendimento ao seu cliente. Soube que poderia chegar no local indo por dentro ou por fora do prédio. Decidiu, então, ir por fora.
O local para onde foi direcionado, que deveria abrir às 7h, estava dez minutos atrasado e ainda fechado. Por causa da baixa temperatura, ele preferiu voltar para o seu carro, e aguardar mais algum tempo até que fosse aberto para atendimento.
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Assim que entrou no veículo, o advogado afirma ter ouvido fortes pancadas no vidro do passageiro. Era um policial militar. Ismael conta que prontamente atendeu, e uma sargento que comandava a ação, de forma ríspida, passou a questionar quem era ele e o que estava fazendo parado em uma vaga de militar.
O advogado, então, apresentou sua carteirinha de identificação da OAB. Ismael conta que o soldado que acompanhava a ação, gritando e demonstrando nervosismo, afirmava que a identificação não era válida se não estivesse acompanhada de outro documento, e decidiu quebrar a carteirinha.
Ismael relata que os policiais seguiram em tom agressivo e resolveram imobilizar o advogado, colocar uma algema nele para ficar com os braços para trás e obrigá-lo a esperar por cerca de três horas, em pé, no estacionamento do presídio, até que um oficial da PM tomasse alguma decisão. Por volta das 10h, um oficial da Polícia Militar deu o aval para que o advogado fosse detido por desacato.
Na delegacia da Polícia Civil, os PMs apresentaram a carteirinha da OAB quebrada aos policiais civis e disseram que Ismael estava preso por desacato. Diferentemente dos policiais militares, o delegado aceitou a identificação da OAB e rapidamente tirou a algema do advogado, o ouviu e liberou. Em seguida, também foi registrado o boletim de ocorrência de abuso de autoridade contra os policiais.
O registro foi acompanhado pela presidente da Comissão de Prerrogativas da OAB-RS, Karina Contiero. Segundo Ismael, a Ordem dos Advogados do Brasil prestou apoio a ele e também participa da apuração do caso, assim como a Polícia Civil, responsável pelas investigações.
No fim, o advogado afirma que não conseguiu prestar a assistência que pretendia ao seu cliente por causa da ocorrência com os policiais.
Procurado pela Record TV, o diretor do presídio, responsável pelos policiais que participaram da ação, disse que abriu uma sindicância para apurar os fatos e as câmeras de segurança do local vão provar o que aconteceu.