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'Samurai da Feira' corta frutas em segundos e viraliza nas redes sociais; veja vídeo

Feirante do Rio é 'vascaíno doente' e cumprimenta fregueses em francês, idioma que aprendeu quando jogou futebol na Europa

Cidades|Sandra Lacerda*, do R7

"Bonjour, madame!" É assim que o feirante Jorge Henrique dos Santos, de 31 anos, chama a atenção de quem passa na frente da sua barraca de frutas, na zona norte do Rio de Janeiro. E tem dado certo. O "Samurai da Feira", como ficou conhecido, acumula milhões de visualizações em seus vídeos postados nas redes sociais.

Jorge Henrique é o Samurai da Feira
Jorge Henrique é o Samurai da Feira

E é unindo funk e francês, fruto do tempo em que morou na Europa tentando realizar o sonho de ser jogador profissional de futebol, a muito carisma e habilidade com facas que ele atrai os moradores da região — e até turistas.

"Descasco um abacaxi inteiro em 20 segundos", mostra o samurai em um vídeo enviado ao R7 para celebrar o Dia do Feirante, comemorado na última sexta-feira (25). "Eu trabalho há muitos anos na feira e estudei muito para desenvolver a habilidade que tenho hoje."

Em seus vídeos, bordões como "eu corto um pedaço, ela lança na bolsa, ela lança na bolsa um pedaço pra tu!", "corta Samurai" e"quem não pode ver sangue nem olha" já viraram marcas registradas do feirante.


Mas quem vê a alegria de Jorge Henrique não imagina que o samurai teve uma infância difícil e de muita luta. "Não é para se vitimizar, mas dar a volta por cima. É da dificuldade que a gente tira força. Se hoje eu estou conseguindo dar algo melhor para os meus filhos, é porque lá atrás eu me esforcei muito", diz.

@jorgesamuraidafeira

quem não pode ver sangue nem olha 🍉🍉🍉🍉

♬ som original - Samurai da Feira

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"A feira é meu alicerce"

De família humilde, Jorge Henrique começou a trabalhar na feira quando tinha 12 anos. "Minha mãe foi mãe solteira de dez filhos. Meu pai era viciado em álcool e drogas. Precisei começar a trabalhar muito cedo para ajudar em casa e conseguir comprar as roupas que eu queria. Mas é da dificuldade que a gente tira força e a feira sempre foi o meu alicerce", afirma. 


Hoje, o "samurai" trabalha em feiras de terça, quarta, quinta, sábado e domingo, todas localizadas a mais de 30 km de sua casa, no bairro de Austin, Nova Iguaçu, onde mora com a esposa, Tiphany Caroliny, e a filha, Sophia Caroliny, de 5 anos. Jorge também é pai de Cauan Henrique, de 10 anos, fruto de outro relacionamento.

O feirante acorda às 4h da manhã, pega trem e demora mais de 40 minutos para chegar ao trabalho, às 5h30, quando começa a montar o tabuleiro e colocar as frutas. "Eu saio de casa e ainda está escuro. Hoje já me acostumei. Até quando estou de folga acabo acordando esse horário sem querer."

Mas o trajeto não é motivo de desânimo. Do início ao fim da feira, às 15h30, o alto astral e a cantoria o acompanham. "O que me motiva é o pão de cada dia, a oportunidade de levar o sustento para a minha casa, de vencer mais um dia e de dar um futuro melhor para minha família."

"Bonjour, madame!"

Os fregueses das feiras livres da zona norte do Rio já conhecem e escutam de longe o principal bordão do samurai. "É uma forma diferente que eu tenho de trazer os clientes para perto. Muita gente debocha. A gente não vai agradar todo mundo, mas agradando aos meus fregueses já está ótimo."

O "Samurai da Feira" torce para o Vasco e sonhava em ser jogador de futebol
O "Samurai da Feira" torce para o Vasco e sonhava em ser jogador de futebol

A explicação do bom-dia em francês para a freguesia não está na feira, mas no futebol — e em uma breve carreira internacional. "Meu sonho era ser jogador de futebol. Eu quase consegui", contou o "vascaíno doente" que, aos 20 anos, teve a oportunidade de jogar na Bélgica, onde aprendeu o idioma.

"Lembro até hoje. Foi uma terça-feira, eu estava trabalhando na feira quando minha irmã me ligou e disse que fez um amigo que trabalhava com futebol. Ele perguntou se eu tinha coragem de tentar a sorte na Bélgica. Eu aceitei o desafio", diz. 

Jorge Henrique "nasceu com a bola no pé" e afirma ter "muito talento", por isso, preparou os documentos e embarcou em direção ao seu sonho. No entanto, o clima europeu não foi favorável ao jogador.

"Fiquei lá oito meses. Foram os melhores meses da minha vida. Mas, quando chegou o inverno, não consegui me adaptar. Era impossível, para mim, treinar com 3ºC."

De volta para a feira

"Quando voltei para o Brasil, achei que ia conseguir entrar em algum clube, mas não deu certo. Me vi perdido, sem saber o que fazer. Até encontrar na feira, mais uma vez, uma forma de me reerguer", afirma Jorge Henrique.

O samurai conta que foi graças às feiras que conseguiu arrumar sua casa do jeito que sempre quis. "Hoje tem piso em todo o chão. Consigo comer comida boa todos os dias e comprar roupas melhores. Não falta nada dentro de casa. Eu agradeço muito a Deus pelo sustento."

O Samurai da Feira conquistou fãs e sabe disso. "Eu sou querido por muita gente, entendeu?", ele brinca. "Se você tem um sonho, uma vontade de vencer na vida e querer ser importante, você tem que plantar a semente e regar todos os dias."

*Sob supervisão de Bruno Araujo

Veja imagens da primeira feira livre de SP, localizada na Cracolândia

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