Santa Catarina ultrapassa São Paulo em saldo migratório pela 1ª vez desde 1991, aponta IBGE
Dados do Censo 2022 indicam reversão inédita na posição do Sudeste como principal destino populacional
Cidades|Do R7, em Brasília

O Brasil passou por mudanças relevantes nos padrões de migração e fecundidade entre 2010 e 2022, segundo dados da amostra do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta sexta-feira (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Um dos destaques é a perda de protagonismo da região Sudeste como principal destino migratório do país — posição historicamente ocupada desde os anos 1990.
A nova liderança ficou com a região Sul, que registrou o maior saldo migratório positivo em 2022: cerca de 362 mil pessoas. O número representa quase cinco vezes mais do que no Censo de 2010, quando o saldo foi de 76 mil.
O saldo migratório é a diferença entre o número de pessoas que entram e saem de uma determinada região ou país, seja por migração interna ou internacional, em um determinado período.
Na região, Santa Catarina se destacou com o maior saldo migratório entre os estados brasileiros (354.350 pessoas) e a maior taxa líquida de migração (4,66%), superando São Paulo, que apresentou saldo negativo de -89.578 — o primeiro desde a introdução da pergunta de data fixa nos censos.
Outros estados também apresentaram mudanças relevantes. Goiás manteve-se como o segundo estado com maior saldo positivo, atrás somente de Santa Catarina.
A Paraíba foi o único estado do Nordeste a registrar saldo positivo (30.952 pessoas), resultado inédito desde 1991. Por outro lado, o Rio de Janeiro teve a maior perda absoluta, com um saldo negativo de -165.360 indivíduos.
1 — São Paulo, com PIB de R$ 2,7 trilhões, ou 30,2% de toda a atividade econômica do Brasil * Sob a supervisão de Ana Vinhas
1 — São Paulo, com PIB de R$ 2,7 trilhões, ou 30,2% de toda a atividade econômica do Brasil * Sob a supervisão de Ana Vinhas
Sudeste e Norte perdem população
A região Sudeste, tradicional polo de atração populacional, apresentou pela primeira vez um saldo negativo em movimentações interestaduais: -121 mil pessoas entre 2017 e 2022. Em 2010, o Sudeste ainda liderava os fluxos migratórios, revertendo uma tendência de décadas.
O mesmo ocorreu na região Norte, com um saldo negativo de -201 mil — também o primeiro desde 1991. Em contrapartida, o Centro-Oeste manteve o padrão positivo observado nos últimos censos, com saldo de 209 mil pessoas, consolidando-se como segunda região mais atrativa do país.
Estabilidade geral, mas mudanças regionais
Ao todo, o número de migrações interestaduais entre 2017 e 2022 ficou praticamente estável em relação ao período 2005-2010: foram 4.656.514 deslocamentos, contra 4.643.754 anteriormente — um leve aumento de 0,27%.
A região Nordeste, historicamente associada à emigração, reduziu seu saldo negativo de mais de 700 mil para 249 mil, indicando desaceleração da perda populacional. A maior movimentação, porém, continua sendo entre estados da própria região ou em direção ao Centro-Sul.
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População migrante se mantém estável
Em relação ao local de nascimento, 36,9% da população brasileira residia, em 2022, em municípios diferentes dos de origem — número semelhante aos 37,2% observados em 2010.
A proporção de pessoas vivendo em unidades da federação distintas das de nascimento passou de 14,5% para 14,3% no mesmo intervalo.
O Norte teve crescimento na proporção de residentes naturais da própria região (de 85,1% para 87%) e aumento expressivo da população nascida fora do país, de 0,2% para 0,9%. No Sul, a presença de migrantes oriundos da Região Norte passou de 3% para 9,8% em 12 anos.
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