Seis em cada dez indígenas moram em casas com fossa ou outra forma precária de esgoto
IBGE mostra que 1,08 milhão de indígenas vivem em locais com fossas rudimentares, buracos, valas, rios, córregos ou mar
Cidades|Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília
Em 2022, 1,08 milhão de indígenas que moravam em domicílios particulares permanentes tinham como principal destinação do esgoto a fossa rudimentar, buraco, vala, rio, córrego, mar ou outra condição precária de esgoto. O número corresponde a 64,11% do total de indígenas no país. Segundo o Censo Demográfico 2022 Indígenas, divulgado nesta quinta-feira (19) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), pouco mais da metade (50,57%) das residências de indígenas estavam nessa situação.
Segundo o estudo, os moradores indígenas localizados em áreas rurais apresentam os percentuais mais elevados, com 89,62% em situação de maior precariedade ou ausência de esgotamento sanitário. Já sobre a população residente nas mesmas situações em áreas rurais, o percentual foi de 75,37%.
Leia mais
O IBGE destaca que a fossa rudimentar ou buraco é a forma predominante de destinação de esgoto entre os moradores indígenas que residem fora de terras indígenas e em situação urbana, correspondendo a 62,47%, seguidos dos indígenas residindo dentro de terras indígenas, onde 49,45% dos moradores têm esse sistema como forma predominante de destinação de esgoto.
Ao todo, o Brasil atingiu a marca de 1.694.836 pessoas indígenas em 2022. Desse total, 914,7 mil viviam em áreas urbanas, um aumento de 589,9 mil pessoas (181,6%) em relação a 2010. O estudo mostra que 780 mil indígenas moram em territórios rurais, uma alta de 208 mil indivíduos (36%) em comparação com 2010.
Em 2010, quando foi realizado o Censo anterior, foram contabilizados 896.917 indígenas no Brasil. Isso equivale a um aumento de 88,89% em 12 anos, período em que esse contingente quase dobrou. O crescimento do total da população nesse mesmo período foi de 6,5%.
Desagregando pelo recorte das regiões, o Norte concentra 44,48% da população indígena do país, com 753.780 pessoas. O Nordeste aparece em segundo, com 31,22% (529.128 indígenas), seguido do Centro-Oeste, com 11,81% (200.153 indígenas), do Sudeste, com 7,28% (123.434 indígenas) e do Sul, com 5,21% (88.341 indígenas).
Idade da população indígena
De acordo com o IBGE, a maioria da população indígena do Brasil tem menos de 30 anos de idade. Segundo o instituto, 950.864 pessoas indígenas no país têm entre zero e 29 anos.
Dessas, mais da metade estão na faixa etária mais jovem, entre zero e 14 anos. São 507.590 pessoas com essa idade, o que representa 29,95% do total da população indígena. Na faixa etária de 15 a 29 anos estão 26,15% (443.274 pessoas) e 30 a 44 anos, que representa 19,63% (332.675 pessoas) da população indígena no Brasil.
O IBGE revelou, ainda, que 13,62% (230.839 pessoas) dos indígenas têm entre 45 e 59 anos e que 10,65% da população indígena (180.458 pessoas) têm 60 anos ou mais.
Terras indígenas
A maioria dos indígenas residentes no Brasil mora fora de terras indígenas. De acordo com os números do IBGE, são 63,25% (1.071.992) nessa situação. Outros 36,75% (622.844 pessoas) vivem em terras indígenas. Desse total, 78,8% moravam em áreas urbanas e 21,2% em áreas rurais.
A população residente em terras indígenas apresenta concentração em três estados que, juntos, respondem por 46,48% (289.516) das pessoas indígenas em terras indígenas no país: Amazonas (149.080), Roraima (71.754) e Mato Grosso do Sul (68.682).
O número de pessoas indígenas residentes fora de terras indígenas chegou a 844,7 mil em 2022. O valor representa um aumento de 182,65% em relação ao último Censo, em 2010, quando havia 298,8 mil indivíduos nessa situação. No total, são 78,8% indígenas morando nessas localidades.
A região Sudeste apresenta o percentual mais elevado de população residente fora das terras indígenas, com 82,56% (101.909), seguido do Nordeste, com 75,45% (399.246) e do Norte, com 57,97% (436.953).
As pessoas indígenas residentes fora de terras indígenas no Amazonas e na Bahia correspondem a pouco mais da metade, 51,69% (554.087), da população indígena residente fora de Terras Indígenas em todo o país. O Amazonas tem 341.855 pessoas nessa situação geográfica e a Bahia, 212.232.
Segundo o IBGE, os dados divulgados nesta sexta são considerados fundamentais para aprofundar o conhecimento sobre esses dois grupos tradicionais e para orientação de diversas políticas públicas, como educação, saúde e assistência social.