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Silenciosos, familiares chegam para o 2º dia do julgamento da Kiss

Cinco sobreviventes da tragédia devem depor nesta quinta-feira (2). Parentes relatam ao R7 expectativas sobre os depoimentos

Cidades|Fabíola Perez, do R7, em Porto Alegre (RS)

Familiares chegam ao Foro Central de Porto Alegre com homenagens
Familiares chegam ao Foro Central de Porto Alegre com homenagens

Familiares das vítimas do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, chegaram silenciosos ao Foro Central de Porto Alegre para o segundo dia do julgamento dos quatro réus acusados de homicídio simples pelo incêndio na casa noturna. As primeiras mães já estavam no prédio do foro por volta das 9h. Com o rosto dos filhos e frases de saudades estampados em camisetas, pais caminhavam abraçados na entrada do prédio.

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Marinês dos Santos Barcellos, mãe do segurança Roger Barcellos Farias, disse que se emocionou ao ouvir o depoimento da terapeuta ocupacional Kelen Ferreira na primeira noite do julgamento, nesta quarta-feira (1º). “Foi uma fala bem forte. Meu filho trabalhava lá. Ele dizia que era uma casa escura e fechada, mas ele gostava da profissão”, afirma ela. Marinês lembra que um amigo de seu filho passou pela casa noturna na noite da tragédia e perguntou a ela se Roger estava em casa. Juntos, ela e o amigo do filho foram até a rua das Andradas e se depararam com as chamas. “Foi aquele horror.”

Assim como outros familiares e sobreviventes, Marinês diz que espera por “justiça”. “Cada um tem que pagar, cada um tem uma responsabilidade”, afirma. A mãe de Rafael Oliveira, Elke de Oliveira, disse que a justiça deve ser feita para todas as pessoas envolvidas. “Quero justiça para todos que estavam [na boate] naquela noite. Tem famílias inteiras que não existem mais por causa dessa tragédia. Dói muito ouvir essas testemunhas, volta tudo de novo.”

Em seu depoimento ao juiz, a terapeuta ocupacional Kelen disse que a boate estava lotada no dia do incêndio. Ela, que à época tinha 19 anos, amputou parte da perna direita. Hoje utiliza uma prótese. Kelen afirmou que se lembra de uma multidão à sua frente. “Achei que fosse briga, só atinei em correr”, relatou. Ela afirmou ainda que, como enxergava pouco em razão da fumaça e da falta de luzes indicando a saída, caiu enquanto voltava para buscar as amigas, que acabaram morrendo. Ao seguir em direção à porta, caiu mais uma vez. “Senti meus braços queimarem. Achei que fosse morrer ali e pedi a Deus pela minha família.”


Segundo dia de oitivas

O segundo dia do julgamento dos réus acusados de homicídio no caso do incêndio da boate Kiss começou por volta das 9h40 desta quinta-feira (2). Depois de quase nove anos da tragédia que matou 242 pessoas em Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul, o júri vai decidir o destino dos quatro denunciados pelo Ministério Público.

São eles os dois sócios da boate, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, o músico Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor cultural Luciano Bonilha, da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava no local na noite da tragédia.

Nesta quinta serão ouvidos cinco sobreviventes da tragédia mais uma testemunha de acusação. Na parte da manhã, devem depor Emanuel Almeida Pastl e Jéssica Montarão Rosado. À tarde, o júri interroga a testemunha de acusação Miguel Ângelo Teixeira Pedroso e, na sequência, Lucas Cauduro Peranzoni, Érico Paulus Garcia e Gustavo Cauduro Cadore.

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