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Teste de R$ 10 criado pela Unesp identifica adulteração de bebida por metanol em 15 minutos

Teste foi desenvolvido em 2023 no Instituto de Química (IQ) da universidade em Araraquara, no interior de São Paulo

Cidades|Do Estadão Conteúdo

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Kit custa entre R$ 10 e R$ 15 Freepik/ reprodução

Pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) criaram um método simples e barato que, em poucos minutos, identifica adulterações em bebidas alcoólicas destiladas. O teste foi desenvolvido em 2023 no Instituto de Química (IQ) da universidade em Araraquara, no interior de São Paulo, e patenteado no mesmo ano. Na época, não houve interesse para a produção comercial. O kit custa entre R$ 10 e R$ 15 e, no caso das bebidas, dá o resultado em 15 minutos.

O país enfrenta agora uma avalanche de casos de intoxicação por metanol em bebidas. De acordo com o Ministério da Saúde, até este sábado, 4, foram 195 notificações de intoxicação após ingestão de bebida alcoólica, segundo os dados enviados pelos estados. Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Piauí notificaram os primeiros casos em investigação.


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Em todo o país, são 14 casos confirmados e 181 em investigação. Do total de registros, 162 são em São Paulo (14 confirmados e 148 em investigação). Dessas notificações, 13 são de óbitos. Um óbito confirmado no estado de São Paulo e 12 estão sendo investigados (7 em SP, 3 em PE, 1 na BA e 1 no MS).

Conforme a Agência Unesp de Inovação, o teste é mais barato, rápido e eficiente do que as metodologias disponíveis atualmente para detecção das quantidades de metanol em combustíveis e bebidas. Ainda segundo a agência, o teste não exige mão de obra especializada nem laboratórios altamente equipados.


A invenção foi patenteada pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), com a denominação “Método colorimétrico quantitativo e kit portátil para detecção do teor de metanol em etanol, gasolina, bebidas alcoólica destiladas e vinagre”, em 20 de junho de 2023.

O processo começa com a adição de um sal à amostra da bebida ou combustível, transformando o metanol em formol. Em seguida, um ácido é usado para gerar mudança de cor na solução, que indica a presença de metanol.


A técnica foi aplicada em amostras de gasolina, etanol, vodca, cachaça e uísque, apresentando 100% de precisão nas análises. O tempo para aparecer o resultado é de 15 minutos para bebidas alcoólicas e 25 minutos para combustíveis.

A coloração final permite classificar o teor de metanol na mistura de forma visual:


  • Cor verde: sem quantidades significativas de metanol.
  • Cor verde amarronzado: presença de 0,1% a 0,4% de metanol
  • Cor marrom: presença de 0,5% a 0,9% de metanol
  • Cor roxa: presença de 1% a 20% de metanol
  • Cor azul marinho: de 50% a 100% metanol

Atualmente, a cromatografia gasosa tradicional exige equipamentos sofisticados e horas de processamento, a um custo médio de R$ 500.

Conforme o relatório do estudo, o método mostrou-se linear e seletivo no limite de especificação da Agência Nacional de Petróleo (ANP), igual a 0,5% para etanol hidratado combustível comum e aditivado, gasolinas comum, premium e aditivada. O limite de detecção tanto para etanol combustível quanto para gasolina é igual a 0,2% de metanol.

A metodologia proposta também é seletiva para detecção de metanol na concentração máxima exigida pelo Ministério da Agricultura (Mapa), igual a 20mg/100mL, em bebidas alcoólicas destiladas vodca, whisky e cachaça comercial, e o mesmo se aplica para vinagre industrializado.

A pesquisa foi liderada por Larissa Alves de Mello Modesto, mestre em química e analista de desenvolvimento analítico pela Unesp - na época ela era mestranda. De acordo com a pesquisadora o método segue uma norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que estabelece critérios para a validação do uso, garantindo qualidade, confiabilidade e precisão dos resultados obtidos em ensaios laboratoriais aplicados a insumos farmacêuticos, medicamentos e produtos biológicos em todas as fases de produção.

À agência, Larissa Modesto detalhou a utilidade do teste. “Dono de bar, dono de resort, dono de qualquer evento que vai comprar grande quantidade de destilado, ele é o responsável pelo que está vendendo. Então é do total interesse fazer esse teste no momento de recebimento da mercadoria, pois é uma maneira de garantir a segurança do que ele está vendendo e a segurança dele mesmo”, diz a pesquisadora.

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