56% dos empresários apontam reforma tributária como prioridade no próximo governo
Mais da metade afirma que a geração de empregos no país depende de mudanças na tributação das empresas
Economia|Vinicius Primazzi*, do R7
A maioria dos empresários brasileiros acredita que uma reforma tributária é a principal medida que deve ser tomada pelo próximo governo para que o país consiga gerar empregos.
Uma pesquisa realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), divulgada nesta quinta-feira (15), mostra que os empresários consideram o modelo atual complexo e ineficiente, o que freia o avanço econômico do país.
Para 48% dos executivos, é preciso reduzir os impostos sobre a folha de pagamento, e 35% apontam a necessidade de fortalecer a capacitação profissional.
Leia também
“O complexo e oneroso sistema de cobrança de impostos do país inibe a produção de todos os setores econômicos e dificulta a geração de empregos e de renda para os brasileiros. A reforma tributária é fundamental para acelerar o ritmo de crescimento da economia e, por isso, deve ser uma prioridade para o próximo governo”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
A alta carga tributária também preocupa, já que o Brasil é o segundo país que mais tributa empresas no mundo, de acordo com estudo da CupomValido.com.br.
A pesquisa, realizada com dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) de 111 países, revelou que o Brasil fica atrás apenas de Malta e que, em média, as empresas pagam cerca de 34% na alíquota de impostos.
O valor está 70% acima da média mundial, e o país faz parte de um grupo de 18 países cujo valor da alíquota supera os 30%. A média mundial, de 20%, é ultrapassada nos Estados Unidos (25%), no Canadá (27%) e no Japão (30%).
Otimismo
Apesar de 48% dos entrevistados classificarem a situação econômica do país como ótima ou boa, 43% também apontam a redução dos impostos como medida prioritária do próximo governo nos dois anos seguintes e 28% preferem a simplificação tributária.
Além disso, a maioria deles (70%) está otimista em relação à economia brasileira, e diz que deve melhorar um pouco ou muito nos próximos quatro anos.
“As discussões em torno da reforma tributária avançaram no país, e hoje temos um inédito consenso em relação à importância e urgência dessa agenda. O texto em tramitação no Congresso Nacional, a PEC 110, é resultado de um amplo debate, com a participação dos mais diversos segmentos da sociedade e especialistas”, avalia o gerente de análise econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
“Há uma expectativa dos empresários industriais em relação à prioridade que será dada ao tema no próximo governo. Aprovar a reforma tributária, com a adoção de um sistema de tributação do consumo que seja mais moderno, eficiente e alinhado ao padrão mundial, é um passo fundamental para aumentar a competitividade das empresas e, assim, acelerar o ritmo de crescimento da economia, gerando mais empregos e renda para os brasileiros”, conclui.
Prioridades para o setor industrial
Educação
A pesquisa mostra, ainda, que os empresários reconhecem a relevância da formação dos jovens brasileiros para o crescimento da indústria e para o desenvolvimento do país. Para um em cada três entrevistados, a educação deve ser a prioridade do presidente eleito pelos próximos quatro anos. Esse foi o tema mais citado pelos executivos como primeira e segunda importância para o país.
O segundo tópico mais citado como prioridade do governo a partir de 2023 foi saúde pública (26%), e na terceira posição aparece crescimento econômico, apontado por 20% dos entrevistados como primeira ou segunda principal medida. Em seguida, redução de impostos (14%) e geração de emprego (12%).
Prioridades para os próximos quatro anos
Metodologia
A pesquisa foi realizada pelo Instituto FSB Pesquisa, que entrevistou, por telefone, executivos de 1.001 empresas industriais de pequeno, médio e grande portes, que compõem uma amostra proporcional em relação ao total de empresas industriais dessas dimensões em todos os estados brasileiros.
Dentro de cada região, a amostragem foi controlada por setor de atividade. As entrevistas foram realizadas entre 10 e 24 de agosto de 2022. Após a pesquisa, foi aplicado um fator de ponderação para corrigir eventuais distorções em relação ao plano amostral. Devido ao arredondamento, a soma dos percentuais pode variar de 99% a 101%.
* Estagiário do R7, sob supervisão de Ana Lúcia Vinhas.