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Ações da Eletrobras disparam após governo anunciar venda do controle da estatal 

Desestatização usará modelo adotado em empresas como Vale e Embraer

Economia|Do R7

As ações da Eletrobras dispararam nesta terça-feira (22), após o governo anunciar plano de vender o controle da estatal de energia elétrica, em movimento que pode gerar uma arrecadação de até R$ 20 bilhões de reais para a União.

Às 11:16, as ações ON da Eletrobras subiam 35,92%, a R$ 19,30, enquanto os papéis PNB ganhavam 25,07%, a R$ 22,30. No mesmo horário, o Ibovespa avançava 2,01%, operando acima dos 70 mil pontos.

A fatia da Eletrobras que será colocada à venda não foi revelada, mas a desestatização usará modelo semelhante ao adotado em empresas como Vale e Embraer, em que o governo mantém direito a veto em decisões estratégicas da empresa.

O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse na segunda-feira (21) o processo será conduzido por meio da emissão de novas ações, diluindo a fatia da União.


Hoje o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia, disse em entrevista a jornalistas em Brasília que a proposta pode ser por venda de controle ou por diluição de ações. A modelagem relativa à desestatização, diz ele, "não pode" ser adiantada, nem qual será a forma e nem a participação final da União.

Análise do mercado financeiro


Em nota a clientes, a equipe do banco Credit Suisse destaca que a a proposta de perda de controle por aumento de capital não precisaria ser aprovada pelo Congresso, o que, em tese, facilitaria sua execução. "A ideia de diluição de controle nos parece ser a mais viável, na situação de uma verdadeira tentativa de turnaround na empresa, já que as restrições de empresa estatal e os passivos históricos da companhia impedem uma gestão mais efetiva atual", escreveu a equipe do Credit Suisse em nota a clientes.

Já os analistas do banco BTG Pactual acreditam que "o cenário em que o governo dilua sua fatia em 33% e levante R$ 20 bilhões é um em que: todas as medidas propostas (especialmente as que tornam a empresa de capital privado, com melhor governança corporativa e corte de gastos) aumente o valor de mercado da Eletrobras em mais de 100%; e a Eletrobras capte R$ 20 bilhões em uma oferta primária e pague a dívida de R$ 20 bilhões a bancos públicos. Após esse pagamento, os bancos pagariam dividendos ao governo federal".


Críticas

A ex-presidente Dilma Rousseff fez duras críticas à proposta do Ministério de Minas e Energia, afirmando que a medida ameaça o suprimento de energia elétrica do país e resultar em "uma conta de luz estratosférica" para os brasileiros.

"Vender a Eletrobras é abrir mão da segurança energética. Como ocorreu em 2001, no governo FHC (Fernando Henrique Cardoso), significa deixar o país sujeito a apagões", escreveu a ex-presidente em seu perfil no Twitter.

"O resultado é um só: o consumidor vai pagar uma conta de luz estratosférica por uma energia que não terá fornecimento garantido", atacou.

A ex-presidente, que foi afastada após um processo de impeachment no ano passado, foi ministra de Minas e Energia no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando comandou uma reformulação nas regras do setor elétrico que fortaleceu a Eletrobras e o poder do Estado sobre o segmento.

Em 2012, quando já era presidente, Dilma conduziu uma nova mudança nas regras do setor, com o objetivo de reduzir as tarifas de eletricidade para impulsionar a indústria e o consumo. Mas as medidas resultaram em perdas bilionárias para a Eletrobras, que só voltou a ter lucro no ano passado, além de terem gerado fortes aumentos nas contas de luz nos últimos anos.

Os problemas financeiros enfrentados pela Eletrobras após a redução tarifária anunciada em 2012 são agora um dos principais argumentos utilizados pelo governo do presidente Michel Temer para propor a redução da fatia da União na companhia.

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