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Ações da Eletrobras têm forte oscilação 6 meses após privatização

Variação dos papéis da empresa superou 25% em novembro, mas voltou ao mesmo nível da oferta pública com resultado abaixo do esperado, juros altos e possível venda da participação do BNDES

Economia|Alexandre Garcia, do R7

Eletrobras completa seis meses desde a privatização
Eletrobras completa seis meses desde a privatização

Passados seis meses desde a privatização da Eletrobras (ELET3), as ações da empresa apresentam oscilações significativas no período. Após disparar 25% até novembro, os papéis da maior companhia de energia elétrica da América Latina fecharam a sessão da última sexta-feira (9) com valorização de apenas 1,6% desde a oferta pública.

O processo que resultou na privatização da empresa movimentou cerca de R$ 33,7 bilhões e fixou em R$ 42 o preço de cada ação. Desde então, o valor de cada papel da companhia alcançou R$ 52,49 no pregão do dia 4 de novembro, mas já voltou à casa do valor inicial da oferta pública, negociados a R$ 42,67.

Leonardo Piovesan, analista da Quantzed, afirma que houve um “movimento natural” de realização dos lucros por parte dos investidores. "Antes mesmo da privatização, a ação já vinha subindo por conta da possibilidade da venda de uma empresa com uma taxa de retorno bastante atrativa”, avalia ele.

De acordo com Piovesan, três pontos que ajudam a explicar a recente queda das ações da Eletrobras: o resultado do terceiro trimestre abaixo do esperado, a alta dos juros, que afugenta os investidores do mercado de renda variável, e os rumores de que o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) vai vender sua participação na empresa.


"O BNDES tem 8% do total de ações da Eletrobras e essa informação [de venda da participação] gera uma pressão negativa na valorização dos papéis. O mercado passa a aguardar por esse evento antes de voltar a comprar as ações da empresa", diz Piovesan.

FGTS

Para quem fez uso dos recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para comprar ações da Eletrobras, o ganho no período de seis meses é semelhante à rentabilidade anual de 3% das contas do fundo.


Piovesan afirma que a companhia “segue atrativa” para os investidores. ”Agora privatizada, a empresa tem bastante eficiência operacional para obter ganhos com o corte de custos e otimização da estrutura societária”, afirma.

Cabe ressaltar, no entanto, que o valor ainda pode oscilar negativamente nos próximos meses, e o período mínimo de manutenção da aplicação do dinheiro do FGTS é de um ano, sem a possibilidade de ser devolvido para as contas do Fundo até junho de 2023.


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O analista pede tranquilidade aos trabalhadores ao ressaltar que o atual patamar das ações é o mesmo do momento de aporte da oferta pública. “A empresa já pagou dividendos nesse período e ele foi mantido no fundo. Esse valor acumula e, no momento do resgate, será possível recuperar ele também”, explica ele.

A busca pelo uso do fundo para comprar os papéis da companhia contou com a adesão de 350 mil trabalhadores. Com a alta procura, o teto definido para a utilização dos recursos, de R$ 6 bilhões, foi superado em 50%, o que fez com que apenas 66,8% do valor indicado para a aplicação fosse efetivamente direcionado para a compra das ações.

A privatização da Eletrobras movimentou R$ 33,7 bilhões e representa uma das maiores ofertas de ações em todo o mundo em 2022. Na Bolsa nacional, a operação é a principal desde a capitalização da Petrobras, em 2012, que movimentou R$ 100 bilhões.

Trabalhadores usaram grana do FGTS para financiar privatização
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Reestatização

Diante da defesa de sindicatos relacionados ao setor elétrico e membros da equipe de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, a reestatização da companhia é vista com inviável, política e economicamente.

Piovesan explica que a movimentação é “muito difícil”, porque o governo federal tem um poder limitado nas reuniões e no conselho da empresa. Além disso, seria necessário desembolsar três vezes o valor de mercado da companhia, conforme termos previstos na lei da privatização.

"O novo governo vai ter 30% do total de ações da empresa, com os papéis da União e do BNDES. O poder de voto está limitado a 10%, o que quer dizer que o governo vai ter um poder limitado para dar as cartas na companhia. Isso já foi colocado já prevendo uma troca de governo”, afirma o analista.

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