Ao lado de Campos Neto, Galípolo nega ‘ataque especulativo’ contra o real
Em coletiva, futuro presidente do Banco Central afirmou que não é correto tratar o mercado como ‘bloco monolítico’
Economia|Do R7
O futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que assume o comando da autarquia a partir de janeiro de 2025, afirmou nesta quinta-feira (19) que não vê um “ataque especulativo” contra o real neste momento. Em escalada, a moeda norte-americana alcançou novo recorde e atingiu a máxima de R$ 6,30, levando o BC a fazer duas intervenções no mercado de câmbio pela manhã.
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“Não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico, como se fosse uma coisa só, que está coordenada, andando em um único sentido. Para existir um mercado, precisa existir alguém comprando e alguém vendendo. Toda vez que o preço de algum ativo se mobiliza em alguma direção, você tem vencedores e perdedores. Ataque especulativo como algo coordenado não representa bem”, afirmou, ao lado do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto.
“Eu acho que não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico, vamos dizer assim, como se fosse uma coisa só, que está coordenada, andando em um único sentido. Basta a gente entender que o mercado funciona, geralmente, com posições contrárias. Para existir um mercado, precisa existir alguém comprando e alguém vendendo. Então, toda vez que o preço de algum ativo se mobiliza em alguma direção, você tem vencedores e perdedores. Eu acho que a ideia de ataque especulativo enquanto algo coordenado não representa bem”, disse o diretor do BC.
Em uma tentativa de conter a valorização do dólar, o BC realizou um leilão de venda de dólares à vista entre 9h15 e 9h20, disponibilizando US$ 3 bilhões. Esta foi a quarta intervenção dessa natureza desde a semana passada, mas os esforços iniciais não surtiram o efeito desejado.
Em resposta, o BC anunciou um novo leilão de até US$ 5 bilhões entre 10h35 e 10h40, o que ajudou a valorizar momentaneamente o real. Por volta das 11h, voltou para R$ 6,26.
Segundo Galípolo, essa posição é bem aceita por membros do governo, mas reitera que existem “ruídos”.
“Essa minha interpretação é bem compreendida e aceita nas minhas interlocuções, seja com o ministro Fernando Haddad, com a ministra Simone Tebet, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o presidente da República, que concorda quando eu tenho esse diálogo com ele sempre. Tem muito ruído, mas é importante esclarecer. Ao final do dia, cabe a nós fazer o melhor trabalho possível”, disse.
‘Não há bala de prata’
O economista, que assume a presidência do BC a partir de janeiro, afirmou que o tema das dificuldades nas contas públicas já estão sendo tratadas há um tempo.
“Todos sabem, mercado, academia, sabem que é muito difícil apresentar qualquer tipo de projeto fiscal que vá ser uma bala de prata, que vai dar conta de endereçar todos os problemas no curto prazo. Eu sinto nas conversas que tenho com Lula e Haddad um reconhecimento do diagnóstico de que existe um problema fiscal. Nenhuma programa que vai ser anunciado vai ser uma bala de prata, é uma forma de reconhecer o diagnóstico e dar um passo na direção correta”, ressaltou.