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Após 1 ano em home office, empresas apostam em formato híbrido

Companhias ampliam atividades online e querem trabalho presencial alternado; escritórios terão área de relacionamento

Economia|Márcio Pinho, do R7

Os escritórios estão sendo adaptados com menos atividades presenciais
Os escritórios estão sendo adaptados com menos atividades presenciais Pixabay

O mundo corporativo completa neste mês um ano de implantação em larga escala do sistema de “home office”, o trabalho em casa. A migração foi forçada pelo avanço da pandemia de covid-19 e o início da quarentena, que afetou o funcionamento de escritórios. Após 12 meses de aprendizagem, várias empresas já consideram o novo modelo consolidado e vão incluí-lo em suas dinâmicas de trabalho.

Os escritórios estão sendo adaptados para terem menos atividades rotineiras diárias, já que a maioria das tarefas continuará sendo feita à distância, pela internet. Eles perderão parte das mesas e cadeiras e ganharão sofás, cafés e outros espaços informais, voltados à interação entre os próprios colaboradores ou com clientes.

No começo do home office, empresas e trabalhadores que ainda não estavam inseridos no teletrabalho tiveram que se adaptar a tarefas básicas, como reuniões online. Um ano depois, as possibilidades se ampliaram, e atividades como treinamentos, palestras e integração de novos funcionários passaram a ser feitas à distância.

“Até happy hour virtual estamos fazendo”, afirma Marcelo Abrantes, CEO do Chama, startup que conecta revendedores de botijão de gás a consumidores. Ele conta que a flexibilidade do trabalho à distância permitiu também o “anywhere office”, ou seja, a possibilidade de o funcionário trabalhar de onde quiser. "Alguns colaboradores alugaram imóveis por um período e foram para o Nordeste”, conta.


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A startup já usava ferramentas online para trabalhos com outra sede que tinha na Holanda e adaptou a rotina para o home office no Brasil. Os resultados de aumento de produtividade logo apareceram. Abrantes avalia que possibilidades como ficar mais tempo com a família e menos no trânsito aumentaram a satisfação e o desempenho.

No médio prazo, porém, começaram a aparecer problemas, em parte em razão da pressão psicológica da pandemia e do confinamento, avalia o CEO. Assim, a saúde mental passou a ser temas de palestras e foram adotadas soluções como a desconexão obrigatória da plataforma online de trabalho. “Tivemos a cautela de entender o formato, como sermos mais eficientes e como ajudar os colaboradores. Foi um aprendizado”, explica o CEO. A empresa vai reduzir as posições fixas de seu escritório em 40% e aumentar áreas de convivência e sala de teleconferência.


Retorno ao escritório

O avanço da pandemia no ano passado fez empresas, escolas e outros setores programarem um retorno dos funcionários para o segundo semestre de 2020. Relatório da empresa de consultoria KPMG indicara que até 25% entre 569 grandes empresas do país tinham retornado aos trabalhos presenciais em setembro, com o relaxamento das quarentenas. Outros 38% das empresas entrevistadas programaram o retorno para 2021. Há ainda empresas que planejam o retorno apenas quando todos os funcionários estiveram vacinados. 

A Petrobras foi uma das que fixaram data para o retorno, marcado para 30 de junho. A ideia é remodelar seus escritórios no edifício-sede, no Rio de Janeiro, para que os 25 mil trabalhadores de áreas administrativas colocados em home office possam retornar para um formato híbrido, no qual precisarão comparecer apenas dois dias por semana. Enquanto isso não acontece, a empresa segue aumentando sua integração online. Um dos marcos foi a realização de eventos com a alta direção da empresa, da qual participaram 20 mil colaboradores.


A adaptação dos escritórios também é uma realidade para a LafargeHolcim, multinacional suíça que fabrica materiais de construção. A empresa está adaptando sua sede em São Paulo, onde atuam 50 empregados. O ambiente terá uma área de convivência, com copa e sofá, sala para lactantes, armários para objetos pessoais, bicicletário e chuveiro.

Paralelamente, a empresa conseguiu uma economia trazida pelo teletrabalho, que é a possibilidade de reduzir seus escritórios. As sedes do Rio de Janeiro e de Minas Gerais deixam de existir fisicamente, e nesses locais os trabalhadores ficarão em teletrabalho de forma integral. O fenômeno é uma constante em regiões de escritórios, como a Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, onde aumento a vacância de escritórios.

Em seu futuro escritório, a presença física dos colaboradores será agendada por aplicativo, que permitirá a reserva de um posto de trabalho ou sala de reunião. 

O Dafiti Group, do setor de roupas, sapatos e acessórios, também aposta no home office permanente. Segundo Eduarda Perovano, que ocupa o cargo de "Chief People & Culture Officer", todo os escritórios passaram por mudanças definitivas de layout a fim de serem uma extensão do trabalho remoto e não haverá lugar fixo. "Reduzimos as posições de trabalho e ampliamos espaços compartilhados e colaborativos", afirma.

Estrutura e apps

Logo no início do teletrabalho, as empresas de forma geral começaram a creditar nas contas dos funcionários um auxílio para ajudá-lo a arcar com gastos de telefonia a internet. Houve também cessão de computadores ou aluguel dos computadores pessoais dos funcionários. Com o passar dos meses, vendo que a pandemia se arrastaria, empresas decidiram também mandar cadeiras e outros itens ergonômicos de escritório.

Houve adesão a programas para trabalho conjunto de forma remota, como o Microsoft Teams, também usado para videoconferências, como o Zoom. Algumas empresas decidiram ter ainda aplicativos próprios, para atividades como consulta a folhas de pagamento e férias.

A empresa de telefonia Oi, por exemplo, criou o app Oi Colaborador, onde os funcionários recebem os informes com as iniciativas da companhia. O aplicativo também disponibiliza um questionário por meio do qual a empresa monitora a saúde do funcionário. A Ambev foi outra companhia a investir em saúde e bem-estar e critou atividades de relaxamento, com lives de meditação e ginástica.

A preocupação com a satisfação do usuário e em proporcionar as condições de trabalho poderão ser premiadas. Isso porque o grupo francês especializado em inspeção e certificação Bureau Veritas lançou um selo para indicar empresas que adotam o home office seguindo critérios de segurança e bem-estar. A avaliação vai observar se a empresa fornece os equipamentos necessários, se gerencia bem os horários de trabalho e como lida com dados confidenciais.

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