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Associação diz que locadoras de carros não aguentam mais um mês

Diretor da Abla, que representa o setor, diz que negócios caíram 90% e que o que mantém algumas empresas são os contratos de frotas terceirizadas

Economia|Marcos Rogério Lopes, do R7

Aluguéis de carros despencam com a quarentena
Aluguéis de carros despencam com a quarentena Aluguéis de carros despencam com a quarentena

Alguns setores da economia servem como uma espécie de para-raio da paralisação imposta pela covid-19. Um deles é o de aluguel de veículos, que viu o número de negociações despencar em mais de 90% desde o início da pandemia. 

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Com as pessoas em casa, cai sensivelmente a quantidade de viagens por aplicativo (Uber, 99, Cabify) e com isso os motoristas, clientes habituais desse serviço, também param de trabalhar. Aeroportos vazios representam menos procura de carros pelos turistas. Empresas que alugavam a frota, fechadas, deixam de pagar contratos em andamento ou evitam assinar o próximo acordo.

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O presidente do Conselho Nacional da Abla (Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis), Paulo Miguel Júnior, diz que se o isolamento continuar da forma como está por mais um mês as pequenas empresas do país se verão obrigadas a decretar falência.

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"Em dois ou três meses a situação ficará insustentável para todo mundo, mas para as locadoras pequenas o quadro já passou do limite. Agora é um jogo pra ver quem consegue sobreviver."

Segundo ele, com reduções de salários, férias e suspensão de contratos de trabalho, os empresários tentaram preservar os empregos até agora, mas mais um mês parado pode tornar impossível essa manutenção.

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Entre os 1.100 associados da Abla, que representam 10.800 lojas pelo país, 80% são empresas pequenas, conta o dirigente.

Aplicativos

Atualmente, um milhão de veículos aproximadamente estão disponíveis para aluguel no Brasil. Desses, 48% ficam nas lojas, para contratos curtos, e têm como principais clientes os condutores por aplicativo.

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"Motorista de Uber e outras marcas devolveram 80% dos veículos, são mais ou menos 160 mil carros sem uso", conta Miguel Júnior. 

"Nas metrópoles, onde os aplicativos são mais fortes, o momento é bem pior. Se você olha o caso de São Paulo, capital, nos bairros centrais há várias restrições, mas se você vai para a periferia o movimento é intenso. Acontece o mesmo em relação às cidades, quanto maior, mais trágica é a situação das locadoras que dependem desse serviço", analisa.

Ele aproveitou a menção a São Paulo para alfinetar a prefeitura da capital por colocar em vigor nesta semana o rodízio de veículos que só permite que 50% dos carros circulem. "Não ter tirado os motoristas de rua dessa regra é um absurdo. Agora, no meio da quarentena, eles só têm 15 dias por mês para ganhar o dinheiro que já era pouco no mês inteiro."

A situação só não pior no geral porque os motoristas de aplicativo que não devolveram os carros receberam incentivos das locadoras para continuarem trabalhando. "Muitas empresas estão dando até 50% de desconto nos valores, o que evitou boa parte dos calotes."

Terceirização de frotas

Mais de metade dos veículos são destinados para empresas que terceirizam suas frotas, 52%, para ser exato. As locadoras que atuam nesse mercado conseguem, portanto, respirar um pouco melhor. "Como muitos contratos já estão em vigência, elas têm um fôlego maior, o que, apesar da inadimplência ter aumentado bastante, garante algum recurso no caixa." 

Hoje, conta Miguel Júnior, 25 a 30% dos contratos de empresas não estão sendo pagos. "E mais 30% a 40% negociam o valor dos aluguéis."

O dirigente da associação diz que ainda não é possível notar nenhuma mudança no cenário econômico em maio, mesmo com estados anunciando uma reabertura gradual. Casos de Santa Catarina e Minas Gerais. "Nada, está tudo parado ainda."

Em fevereiro, as associadas previam um crescimento de 15% no faturamento do setor. Três meses depois, o setor se dá por satisfeito se não tiver que conviver com falências e dispensas de funcionários. "Em março, a movimentação caiu em 50%. Abril e maio, a zero." 

Enquanto a pandemia mantém as pessoas em casa, a associação tenta a ajuda dos governantes para evitar a quebradeira. "Mandamos nossos pedidos para o governo federal. O primeiro deles foi para que a atividade fosse considerada essencial. Também pedimos ao Ministério da Economia a postergação de impostos, com a retirada, por exemplo, do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) dos empréstimos."

No fim de abril, o presidente Jair Bolsonaro incluiu o setor como uma das atividades essenciais da economia, mas como a decisão final cabe a governadores e prefeitos as lojas seguem sem funcionar na maior parte do país. 

Paulo Miguel Júnior apela aos governantes não só pelos empresários de sua associação, mas também pela importância que a atividade representa para a economia nacional. "As locadoras compram 20% da produção automobilística brasileira, uma das principais indústrias do país."

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