Associação dos bancos critica restrição para o cartão de crédito
A ABBC defende um debate para possibilitar as melhores condições estruturais para o mercado de crédito
Economia|Do R7
A ABBC (Associação Brasileira de Bancos), que reúne instituições de médio porte, critica a possível restrição do uso do cartão de crédito por causa dos juros do rotativo. A entidade defende um amplo debate para possibilitar as melhores condições estruturais para o mercado de crédito.
O governo e o Congresso têm buscado iniciativas para tabelar os juros, o que significaria estabelecer um limite, como ocorre atualmente no cheque especial das contas bancárias. A linha de crédito é considerada a mais cara do país, com juros médios de mais de 437% ao ano.
Na quinta-feira (10), o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, chegou a afirmar que a modalidade de crédito deve deixar de existir. Um grupo de trabalho — formado por BC, governo e bancos — deve encaminhar nos próximos 90 dias uma solução.
Entre as medidas em discussão estão o fim do crédito rotativo e mudanças no parcelamento sem juros das compras do varejo, seja por meio de tarifas mais altas aos comerciantes, seja com preços diferentes em vendas no cartão para pagamentos à vista ou parcelados.
"O estabelecimento de um teto de juros poderá implicar desdobramentos extremamente contraproducentes, tais como a complexificação de entrada de novos players no mercado, a diminuição do acesso ao crédito e a redução da inclusão financeira", afirmou a ABBC em nota.
Segundo a associação, nos últimos anos houve o aumento da competição do setor de cartões, que teve como contrapartida o crescimento do número de usuários, visto que uma parcela da população teve acesso a serviços financeiros mais baratos ou mesmo pela primeira vez.
"Acreditamos que são extremamente relevantes as discussões sobre como aperfeiçoar a referida dinâmica, buscar mecanismos que não causem sobressaltos aos participantes da indústria e, simultaneamente, enderecem o problema da inadimplência e o superendividamento do consumidor", acrescenta o texto.
A entidade é contra qualquer alternativa de tabelamento dos juros ou quaisquer outras medidas restritivas de acesso do consumidor aos instrumentos de crédito. E defende ações como o fomento à portabilidade do crédito e o estabelecimento de uma comunicação mais transparente aos usuários sobre o valor dos juros, os encargos e os riscos envolvidos na utilização do produto.