Auxílio tira 13 mi de grupo que vive com menos de meio salário mínimo
Em julho, 52,1 milhões de brasileiros moravam em lares que recebiam algum auxílio do governo, volume correspondente a 24,6% da população nacional
Economia|Do R7
Entre 2019 e julho deste ano, 13,1 milhões de brasileiros deixaram o grupo daqueles que ganham menos de meio salário mínimo ao mês por pessoa, segundo levantamento do FGV Social (Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas), divulgado nesta terça-feira (25).
Os auxílios emergenciais do governo federal para mitigar a crise causada pela covid-19 são o principal motivo para a redução da pobreza, que já havia sido registrada nos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em julho, já com 107 milhões de brasileiros morando em lares que recebiam algum auxílio do governo, 24,6% da população (52,1 milhões de pessoas) tinha renda familiar per capita de até meio salário mínimo, o equivalente a R$ 522,50. É a situação de um casal que ganhe um salário mínimo (R$ 1.045) cada e cuja renda ainda dá conta do sustento de dois filhos. Em 2019, 31% da população, ou 65,2 milhões de brasileiros estavam nesse grupo, uma diferença de 13,1 milhões de pessoas.
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Conforme o sumário executivo do estudo, coordenado pelo pesquisador Marcelo Neri, a redução da pobreza em meio à pandemia foi "muito superior" ao verificado em outros momentos de "boom social" na história recente do País, como logo após o Plano Cruzado, em 1986, cujo sucesso em controlar a inflação durou alguns meses, e o Plano Real, em 1994, que finalmente conseguiu domar a hiperinflação.
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"As taxas de redução de pobreza no Nordeste e no Norte, regiões que possuem maiores parcelas do público-alvo do auxílio emergencial, foram superiores às demais", diz o sumário-executivo.
Em São Paulo, onde a proporção de pobres no total da população é inferior à média nacional, houve aumento da participação do grupo vivendo com até meio salário mínimo, de 17,4% da população total, em 2019, para 18,05%, em julho. Segundo os pesquisadores do FGV Social, o mesmo ocorreu em outros Estados mais ricos, com menores "elos de ligação" com ao auxílio emergencial, como Distrito Federal e Rio Grande do Sul.
No total nacional, segundo o levantamento do FGV Social, a redução no número de brasileiros pobres levou ao aumento do contingente no meio da pirâmide de distribuição de renda. Em julho, 62,6% da população, ou 132,5 milhões de brasileiros, estava no grupo dos que ganham, mensalmente, entre meio e dois salários mínimos por pessoa da família. Em 2019, 53,3% da população fazia parte desse grupo.
Consequentemente, houve queda no número de brasileiros que ganham acima de dois salários mínimos. Em julho, esse grupo incluía 27,1 milhões de brasileiros, ou 12,8% da população. Em 2019, 15,7% dos brasileiros tinham renda nesse nível.
No "topo da pirâmide" — numa escala de cinco faixas, calculada pelo FGV Social — o grupo com renda mensal de quatro ou mais salários mínimos por pessoa na famílias somou 8,4 milhões de pessoas em julho, apenas 4% da população. Na comparação com 2019, são 3 milhões de brasileiros a menos nesse grupo, que incluía 5,4% da população ano passado.