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Banco Central reconhece que Brasil passa por desaceleração do crédito

Foi verificada uma desaceleração no crescimento do crédito nas diversas modalidades e uma deterioração nos preços dos ativos

Economia|Do R7

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto

O Banco Central reconheceu na noite desta quinta-feira (2), em nota divulgada na internet, que o Brasil passa por uma desaceleração do crédito em diversas modalidades, no mesmo dia em que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a criticar a autoridade monetária e disse que "logo logo" o país pode sofrer uma crise nos financiamentos.

A nota do BC foi divulgada após a reunião do Comef (Comitê de Estabilidade Financeira), grupo formado pela cúpula da instituição que estabelece diretrizes para a manutenção da estabilidade financeira e prevenção a riscos sistêmicos.

O encontro desta quinta-feira contou com a participação do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e com sete dos oito diretores da autarquia.

Conforme a instituição, o Comef verificou "uma desaceleração no crescimento do crédito nas diversas modalidades e uma deterioração nos preços dos ativos".


Ao mesmo tempo, o BC passou recomendações aos bancos na concessão de crédito.

"Diante dos riscos relacionados à atividade econômica e à redução da renda disponível para o pagamento de dívidas das famílias, é importante que os bancos sigam preservando a qualidade das concessões", pontuou o BC na nota.


De acordo com a autoridade monetária, os bancos em geral mantêm voluntariamente capital e liquidez em níveis superiores aos requeridos.

Os dados mais recentes do BC mostram que, em janeiro, o saldo total de crédito do sistema financeiro caiu 0,3% em relação a dezembro de 2022, para 5,317 trilhões de reais. No crédito livre (sem direcionamentos), o recuo foi de 0,9%. Estes números, divulgados no fim de fevereiro, foram tratados pelo BC como ajustes sazonais, o que não indicaria uma tendência de retração.


A avaliação desta quinta-feira do Comef surge em um dia em que Lula, em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, da BandNews, voltou a criticar Campos Neto e o atual nível dos juros. O presidente vem insitindo que a Selic - a taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano - tem prejudicado o crédito.

Apesar de citar a desaceleração nos financiamentos, o BC afirmou, na nota, que o sistema financeiro brasileiro está preparado para enfrentar riscos e tem provisões adequadas para perdas de crédito.

Ao mesmo tempo, o BC constatou incidentes em operações com empresas de pequeno porte e pessoas físicas, além de “casos pontuais” em empresas maiores.

“O Comitê considera que o sistema financeiro está preparado para enfrentar a materialização de riscos”, disse o BC. “A materialização do risco de crédito tem-se dado nas operações com micro e pequenas empresas, nas linhas de maior risco concedidas a pessoas físicas, além de casos pontuais em empresas de maior porte”, acrescentou, ressaltando que os bancos têm se mostrado capazes de absorver esses incidentes.

Agentes do mercado e do governo vêm acompanhando a evolução do crédito no país, diante do forte aperto monetário promovido pelo Banco Central, com temores ampliados após a crise da varejista Americanas.

“O Comitê acompanha a evolução do crédito amplo, incluindo os desdobramentos dos eventos recentes que afetaram os prêmios de risco no mercado de capitais”, pontuou o BC na nota, sem fazer especificações.

A nota ressaltou ainda que a política macroprudencial se mantém em posição neutra, “consistente com períodos sem acúmulo significativo de riscos financeiros". O comitê recomendou que os bancos persistam com a política de gestão de capital prudente por conta das incertezas econômicas.

“O Comitê está atento à evolução dos cenários doméstico e internacional e segue preparado para atuar, minimizando eventual contaminação desproporcional sobre os preços dos ativos locais”, afirmou.

Em sua reunião, o Comef decidiu ainda manter em 0% o Adicional Contracíclico de Capital Principal. O adicional é uma parcela do capital das instituições a ser acumulada em momentos de expansão do ciclo de crédito, tratando riscos do crédito e dos preços dos ativos.

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