BC deve repetir corte de meio ponto percentual na taxa de juros, diz pesquisa
Com juros mais baixos, tomar um empréstimo no banco fica mais barato, por exemplo
Economia|Do R7, com Reuters
O BC (Banco Central) deve repetir a dose de corte promovida em agosto e reduzir a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 0,50 p.p. (ponto percentual) neste mês. Muitos economistas ainda estão vendo pouco espaço para aceleração do ritmo de redução ao longo das próximas reuniões deste ano, diz pesquisa da Reuters.
Os resultados da sondagem realizada de 11 a 14 de setembro mostram que todos os 48 economistas questionados projetam queda dos juros básicos para o nível de 12,75% ao ano.
O Copom (Comitê de Política Monetária) da autoridade monetária irá se reunir na próxima terça e quarta-feira para tomar uma decisão.
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Se confirmado, será o segundo corte consecutivo de 0,50 p.p. da Selic. No mês passado, a taxa foi cortada nessa mesma proporção. Ela estava estacionada em 13,75% ao ano desde agosto de 2022.
Desde então, esse cenário parece ter se mantido. A inflação de agosto mostrou alta menor do que a esperada, e as estimativas do mercado se acomodaram nas últimas semanas em patamares bem mais baixos do que os vistos no início deste ano.
No comunicado de política monetária de agosto e, depois, na ata da última reunião, o próprio BC deu sinais de novos cortes de meio ponto na taxa de juros adiante, o que, segundo vários economistas, explica o consenso do mercado em torno da decisão de setembro do Copom.
"A gente está com a visão de que vai ter um corte de 50 pontos-base na próxima reunião muito pelo fato de que já foi telegrafado esse movimento, e todos os discursos dos membros do Banco Central foram justamente nessa direção, de manter esse ritmo pelo menos na próxima reunião", disse Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.
De fato, o próprio presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, chegou a dizer no mês passado que a barra estabelecida pelo colegiado para fazer algo diferente de cortes de 0,50 ponto percentual à frente é alta, mensagem que foi reforçada mais recentemente pela diretora da autarquia Fernanda Guardado.
Em meio a riscos de várias frentes, ao ambiente de juros nas grandes economias e à disparada dos preços do petróleo à resiliência da economia nacional, o mercado parece concordar.
"Um menor espaço para afrouxamento monetário nos países emergentes — num momento em que grande parte das economias desenvolvidas ainda está em processo de aperto monetário — recomenda cautela adicional na determinação da magnitude de corte de juros no Brasil", disse à Reuters Lucas Farina, economista da Genial Investimentos.
Ele citou ainda o risco de uma depreciação acentuada do real caso o BC acelere o ritmo de corte de juros como um fator que provavelmente será considerado pelo Copom na hora de tomar uma decisão.
"Outro ponto que advoga contra a aceleração do ritmo de corte de juros é o fato de que alguns riscos de alta para a inflação, oriundos de algumas commodities, principalmente as commodities energéticas, ainda pairam no radar", completou ele, num momento em que os preços do petróleo rondam os maiores patamares de 2023.
João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, lembra ainda que "a inflação (brasileira) mostra uma dinâmica mais benigna na margem, mas o ritmo de crescimento da economia segue resiliente", com a alta do PIB (Produto Interno Bruto) voltando a superar de forma impressionante as expectativas do mercado no segundo trimestre.
O que é a Selic
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e o principal instrumento de política monetária do Banco Central no controle da inflação.
Por influenciar todas as taxas de juros do país, ela tem um peso no bolso do consumidor quando se trata de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Ou seja, com um corte do Banco Central, essas movimentações tendem a ficar mais baratas.
Dessa forma, a autoridade monetária incentiva o consumo, o investimento e o aquecimento da economia brasileira de uma forma geral. Na teoria, o crédito fica mais acessível, e o brasileiro volta a comprar.
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