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Brancos têm renda 69% superior à de pretos e pardos, afirma IBGE

Estudo mostra a desigualdade racial no mercado de trabalho, renda, moradia, violência e educação

Economia|Do R7

Pesquisa do IBGE indica menor renda entre pretos e pardos
Pesquisa do IBGE indica menor renda entre pretos e pardos

A renda dos trabalhadores brancos foi, em média, 69% superior à de pretos e pardos em 2021. A informação faz parte da segunda edição do estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, divulgado nesta sexta-feira (11), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Apesar de pretos e pardos representarem 9,1% e 47%, respectivamente, da população brasileira em 2021, eles estão em desvantagem no mercado de trabalho, apresentam os piores indicadores de renda, condições de moradia, escolaridade, acesso a bens e serviços, além de estarem mais sujeitos à violência e terem baixa representação em cargos de gerência.

O recorte por nível de instrução e hora trabalhada reforça a percepção da desigualdade de renda. Pretos e pardos receberam menos em todos os níveis, sendo que, no mais elevado, tal diferencial alcançou 41%.

O levantamento do IBGE também mostra que as desvantagens de pretos e pardos no mercado de trabalho se dão mesmo em grupos com mesmo nível de instrução. A taxa de subutilização é maior em qualquer nível, sendo a diferença relativamente menor entre aquelas pessoas que possuem o ensino superior completo.


A participação em cargos gerenciais mostrou maioria de pessoas brancas (69,0%). Quanto mais alto o rendimento, menor a proporção de pretos ou pardos. Somente 14,6% de pessoas em cargos gerenciais de mais alta renda eram pretas ou pardas, sendo 84,4% brancas.

A renda média domiciliar per capita mensal da população branca era de R$1.866, quase duas vezes maior do que a da população preta (R$ 956) e parda (R$ 945). Esse comportamento foi observado ao longo de toda a série (desde 2012). Mas os menores valores da série foram registrados em 2021.


Entre os 10% da população com os maiores rendimentos, em 2021, apenas 4,3% eram pretos e 23,9% pardos. Por outro lado, os pretos e pardos representavam 9,8% e 65%, respectivamente, do grupo formado pelos 10% da população com os menores rendimentos.

A proporção de pretos e pardos com rendimento inferior às linhas de pobreza, propostas pelo Banco Mundial, foi quase o dobro da proporção de brancos. Na linha de US$ 5,50 diários (R$ 486 per capita mensal), a taxa de pobreza era, respectivamente, 34,5% e 38,4%, contra 18,6%; já na linha de extrema pobreza, enquanto 5% das pessoas brancas tinham rendimentos inferiores a US$ 1,90 diários (R$ 168 per capita mensal), 9% da população preta e 11,4% da parda estava abaixo desta linha.


Condições de moradia

Proporção de propriedade da moradia é semelhante entre pessoas brancas e pessoas pretas ou pardas. Porém, pessoas pretas e pardas enfrentam maior informalidade da propriedade (pardas 20,8%, pretas 19,7%, brancas 10,1%); resultado se repete em todas as regiões.

Em média, os domicílios próprios habitados por pessoas brancas valem quase o dobro dos habitados por pessoas pretas e pardas, em termos de aluguel mensal, segundo avaliação dos moradores. Resultado reflete pior localização (menos acesso a serviços) e menor tamanho médio dos domicílios das pessoas pretas e pardas.

Em 9 dos 10 bens duráveis analisados, a proporção de existência dos bens foi maior para a população branca do que para as populações pretas e pardas. Motocicleta foi a exceção. Diferenças elevadas em bens relacionados a economia de tempo e a comunicação – máquina de lavar, automóvel, computador etc.

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Educação

O percentual de estudantes pardos (13,5%) e pretos (15,2%) de 6 a 17 anos de idade sem aulas presenciais e sem oferta de atividades escolares foi mais de 2 vezes superior a de brancos (6,8%). Os estudantes pretos e pardos também apresentaram percentuais maiores dentre os que não mantiveram a frequência diária semanal de estudo (menos de 5 dias) e que consagraram menos de 2 horas diárias às atividades escolares.

Houve quebra na tendência de democratização por cor ou raça dos participantes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) a partir de 2019. De 2019 a 2021, a proporção de participantes brancos passou de 37,1% para 43,7%, e de participantes pretos ou pardos caiu de 58%, para 51,8% no mesmo período.

Após a inscrição, os pretos e pardos tiveram mais dificuldade do que os brancos para comparecer à prova, especialmente durante a pandemia de Covid-19. Em 2021, as diferenças na taxa de comparecimento ficaram ainda maiores entre os brancos e os demais grupos por cor ou raça em comparação a 2019. Os indígenas foram o grupo que apresentou a menor taxa de comparecimento ao Enem de 2019 a 2021 (68%, 37,1% e 55,3%, respectivamente).

Violência

A incidência de violência física, psicológica ou sexual foi maior entre pessoas pretas (20,6%) e pardas (19,3%) com 18 anos ou mais de idade. Entre as pessoas brancas a proporção foi mais baixa (16,6%). Mulheres foram mais vítimas de violência (19,4%) do que homens (17,0%), com destaque para as mulheres pretas (21,3%).

A taxa de homicídios foi de 23,6 mortes/100 mil habitantes em 2020. Entre pessoas pardas (34,1 mortes) e pretas (21,9 mortes), a taxa foi superior à de pessoas brancas (11,5 mortes). As maiores taxas foram observadas entre homens, com destaque para pardos (64,3 mortes), seguida de pretos (41,4 mortes). Entre mulheres, as taxas foram maiores para pardas (4,6 mortes) e pretas (2,7 mortes).

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